A Assembleia da República foi esta sexta-feira palco de um momento polémico que teve como protagonista José Pedro Aguiar-Branco, presidente do hemiciclo, quando foi instado a condenar palavras de André Ventura que apontavam ao povo turco acusações de não ser um povo trabalhador.
O debate, que contava com a presença de Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação, visava esclarecer detalhes em torno do anúncio da localização do novo aeroporto de Lisboa, assim como a linha de Alta Velocidade e a Terceira Travessia do Tejo. O líder do Chega contestava a demora no prazo de construção da nova infraestrutura e deu como exemplo o aeroporto de Istambul.
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— volksvargas (@volksvargas) May 17, 2024
“O aeroporto de Instambul foi construído e operacionalizado em cinco anos. Em cinco anos! Istambul… não estou a falar de Veneza. Ora, os turcos não são propriamente conhecidos por ser o povo mais trabalhador do mundo”, disse André Ventura perante os protestos dos deputados do PS e à esquerda dos socialistas. Em reação, Aguiar-Branco foi taxativo: “O deputado tem liberdade de expressão para se exprimir”.
Fabian Figueiredo, líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, foi o primeiro a mostrar repúdio pelo posicionamento do presidente da AR: “É do nosso entendimento e creio que também é entendimento da câmara que a atribuição de estereótipos a um povo não deve ter espaço no debate democrático na Assembleia da República. O povo turco como qualquer outro merece igual respeito e igual dignidade”.
Do lado do PS, Alexandra Leitão optou por questionar o presidente da AR: “Se uma determinada bancada disser que uma determinada raça ou que uma determinada etnia é mais burra, mais preguiçosa ou menos digna também pode?”. A reação do líder do hemiciclo gerou ainda mais burburinho: “No meu entender pode. Não vai encontrar da minha parte um condicionamento à liberdade de expressão que está expresso na Constituição”.
Isabel Mendes Lopes, líder da bancada parlamentar do Livre, optou por uma advertência a Aguiar-Branco: “Queria lembrar que racismo é crime e a Assembleia da República tem responsabilidade de zelar por isso e que as palavras têm consequências muito diretas no dia-a-dia de tantos cidadãos. O que é dito aqui com responsabilidade do presidente da AR têm consequência na vida das pessoas”.
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