A maioria das empresas não concorda com o teletrabalho obrigatório e imposto por decreto do Governo até ao final do ano. A conclusão é de um estudo revelado esta segunda-feira pela Associação Industrial Portuguesa (AIP) que indica que 80% das empresas só aceitam o teletrabalho, desde que negociado e acordado entre empresas e trabalhadores, e 15% rejeitam totalmente o trabalho remoto.
O estudo da AIP, a que o Jornal Económico teve acesso, foi realizado entre 16 e 22 de abril e contou com respostas de 1.632 empresas. Dessas, apenas 5% concorda com o teletrabalho obrigatório e imposto por lei, sem a necessidade de acordo entre os trabalhadores e as empresas. As restantes entendem que o diploma do Governo sobre o teletrabalho, promulgado pelo Presidente da República no final de março, é abusivo.
Entre as empresas mais reticentes com o teletrabalho obrigatório até ao final do ano estão as grandes empresas (onde 100% dos inquiridos não concorda com a medida, ou só concorda se for negociada entre a empresa e o trabalhador), com destaque para o sector da agricultura e pescas (com 98% das empresas a rejeitar o teletrabalho obrigatório ou a aceitá-lo apenas quando negociado entre as partes).
Já as pequenas empresas (94%) são as que se mostram mais favoráveis ao teletrabalho obrigatório e imposto por lei, sobretudo no sector do alojamento e restauração (93%).
Desde meados de janeiro que o teletrabalho é obrigatório para as empresas com mais de 50 trabalhadores, cujas funções possam ser exercidas remotamente. Mesmo com o fim do estado de emergência, o teletrabalho continua a ser obrigatório em todos os concelhos até 16 de maio. A partir dessa data, vai continuar a ser obrigatório até ao final do ano, mas apenas nos concelhos que tenham maior risco de infeção devido à Covid-19.
O prolongamento do teletrabalho até ao final do ano tem gerado críticas entre os partidos da esquerda à direita, no Parlamento, e será um dos temas em discussão no debate desta quarta-feira, dia 5. Em cima da mesa estão também sete projetos de lei com vista a regulamentar o teletrabalho, tendo em conta que a legislação laboral atualmente em vigor conta já com mais de duas décadas e carece de ser atualizada.
Mais de 90% das empresas querem mais apoios ao emprego
O estudo da AIP revela também que 95% das empresas concorda com a continuidade do lay-off simplificado, para as empresas sujeitas ao dever de encerramento por decisão governamental. A percentagem sobe para 100% nas grandes empresas, com destaque para o sector dos transportes e armazenagem.
Já 97% das empresas concorda com a continuidade do Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva da Atividade (AERP) em empresas em situação de crise empresarial, destacando-se o alojamento e restauração, com 99% das empresas do sector a apelar à prorrogação desse apoio.
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