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Ajuda limitada das exportações

Espera-se um crescimento abaixo do potencial, pelo que será difícil um crescimento significativo das exportações, até porque não tem havido ganhos significativos de competitividade, nem qualquer esforço público nesse sentido.
10 Fevereiro 2023, 09h10

Estamos numa fase de transição, em que as previsões deixaram de ser sempre mais pessimistas do que as anteriores, para o inverso. As primeiras a terem esta característica foram as do FMI, reveladas esta semana. No entanto, também tem que se dizer que grande parte do maior optimismo para 2023 é contrariado por menor crescimento em 2024.

No caso da zona euro, a correcção do próximo ano é exactamente igual à de 2023, embora de sinal contrário, pelo que pode ser lido como uma antecipação da recuperação. A intensidade da variação, apenas duas décimas, de 0,5% para 0,7% para 2023, também recomenda não “embandeirar em arco”. Em relação aos três maiores destinos das exportações portuguesas, há comportamentos diferenciados para 2023: Espanha, de 1,2% para 1,1%; Alemanha, de -0,3% para 0,1%; França, inalterado em 0,7%.

Em qualquer dos casos, espera-se um crescimento abaixo do potencial, pelo que será difícil um crescimento significativo das nossas exportações, até porque não tem havido ganhos significativos de competitividade – nem qualquer esforço público nesse sentido.

As exportações ganharam peso no PIB durante o período da troika, passando de 28,8% em 2010 para 39,3% em 2015. Nos anos seguintes ainda houve ganhos, mas mais modestos, atingindo 43,2% do PIB em 2019. Com a pandemia, houve um claro recuo, seguindo-se alguma recuperação posterior, mas só atingindo aquele valor já em 2022. No terceiro trimestre, as exportações atingiram 48,9% do PIB, mas as importações subiram ainda mais, registando-se um défice externo, para além de haver perda de termos de troca, o que significa que precisamos de exportar mais para pagar a mesma quantidade de importações.

Em resumo, se é verdade que podemos contar mais com as exportações para crescer, o enquadramento de 2023 não é brilhante e a perda de termos de troca limita os resultados do que exportamos. Mas também é verdade que se continuarem as revisões em alta do crescimento externo para este ano, podemos apanhar boleia pelo lado das exportações.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

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