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Alemã Trade Republic multiplica clientes em Portugal à boleia dos juros altos

O banco alemão, que chegou a Portugal em 2022, multiplicou por 10 o número de clientes em comparação com o ano passado, afirmando que quer tornar-se “num dos principais bancos de retalho” no país. 
22 Janeiro 2025, 07h00

A alemã Trade Republic chegou a Portugal há cerca de dois anos e tem vindo a multiplicar a base de clientes que procuram cada vez mais ter acesso a serviços financeiros digitais. Um crescimento que tem sido possível através de uma aposta em depósitos com rentabilidades superiores àquelas que são pagas atualmente pela chamada banca tradicional, num período que tem sido marcado pelo corte dos juros nestes produtos de poupança.

A Trade Republic, que está presente em quase duas dezenas de países, tem oito milhões de clientes a nível global, com o número a duplicar em apenas um ano. Para Portugal, não são revelados dados concretos, mas a garantia é de que a tendência também é de crescimento. “Dezenas de milhares de portugueses já confiam diariamente na Trade Republic, o que representa um crescimento 10 vezes superior no número de clientes comparativamente ao ano passado”, afirma a fintech ao Jornal Económico (JE).

Questionada sobre qual será a meta em termos de clientes, a Trade Republic diz: “não definimos metas rígidas de crescimento, tendo em conta que o ritmo acelerado que vivemos continua a surpreender-nos”. Ainda assim, garantem que “pretendemos tornar-nos, o mais rapidamente possível, um dos principais bancos de retalho em Portugal”.

Os clientes atuais representam “centenas de milhões de euros em ativos sob gestão, sendo que os depósitos remunerados têm atraído particularmente a atenção dos clientes portugueses, contribuindo significativamente para o crescimento da Trade Republic em Portugal”, refere ainda. Entre a oferta disponibilizada no país está uma conta de poupança com uma Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) de 3% para novos e atuais clientes, até 50 mil euros, com os juros a serem pagos mensalmente. Os depósitos, explica, “são feitos em bancos multinacionais de referência, como JP Morgan e Citibank, e estão protegidos pelos Sistemas de Garantia de Depósitos”.

Esta rentabilidade acaba por ser superior àquela que é oferecida pelos bancos nacionais, que têm vindo a cortar as taxas à medida que o Banco Central Europeu reduz os juros. Os dados mais recentes do Banco de Portugal revelam que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares diminuiu pelo décimo primeiro mês consecutivo, passando de 2,39%, em outubro, para 2,28% em novembro. Também os Certificados de Aforro passaram a ter uma taxa mais baixa desde que o Governo decidiu cortar, em junho do ano passado, a rentabilidade máxima de 3,5% para 2,5%.

Foco na Poupança

Sobre a possibilidade de vir a apostar em novos produtos em Portugal, nomeadamente crédito pessoal ou crédito à habitação, o banco alemão, que abriu sucursais em Espanha, França e Itália, lembra que está a “lançar produtos específicos em mercados como França”, avaliando “continuamente as melhores propostas de valor para cada mercado, e Portugal está incluído nesta análise”. Contudo, dizem que “o nosso foco em 2025 será o desenvolvimento de produtos de poupança e investimento”.

Há já bancos digitais a apostar em produtos que são tradicionalmente disponibilizados pela banca de retalho ou pelas financeiras, como o crédito pessoal. É o caso da Revolut, que está a disponibilizar este tipo de financiamento, não excluindo vir a entrar no mercado do crédito para a compra de casa ou mesmo no segmento empresarial. Ao JE, a fintech afirmou, em dezembro, que o “crédito às empresas é um produto que também estamos a explorar em todos os mercados em que operamos em 2025”.

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