Os conservadores da CDU venceram as legislativas deste domingo na Alemanha, seguidos da extrema-direita da Alternativa para a Alemanha, AfD, que obteve uma votação recorde, segundo as primeiras projeções das televisões alemãs. Segundo as projeções, a CDU obteve 29%, a AfD 19,5%, os social-democratas do SPD 16% e a Esquerda (Die Linke) 8,5%. Para já, a votação na esquerda tradicional é a mais inesperada das decisões dos germânicos – o partido estava, nas sondagens, abaixo do limiar dos 5%, que o poderia impedir de entrar no Parlamento.
As restantes projeções correspondem àquilo que era indicado pelas sondagens, que davam a vitória dos democratas-cristãos por uma margem não muito alargada relativamente à extrema-direita – que com certeza vai assim liderar a oposição ao futuro governo. Vale a pena recordar que, tradicionalmente, a formação dos governos germânicos é muito demorada – mas nem tanto como está por estes dias a passar-se na Áustria. De qualquer modo, num mais que possível quadro de coligações, essa demora será ainda maior: haverá negociações, depois uma auscultação ao partido sob a forma de votação (sim ou não à coligação) e finalmente encontros para afinar pormenores.
A confirmarem-se os resultados, o Die Linke (8,5%, face aos face aos 5% de há quatro anos) assume a liderança da esquerda e fica bem acima do BSW, que tem projeções de apenas 4,7%. Entretanto, os liberais do FDP também estão no limiar da entrada para o Parlamento: as projeções atribuem-lhe 4,9%.
“Vencemos estas eleições numa noite histórica para nós”, afirmou já o presidente da CDU, Friedrich Merz no seu discurso de vitória. O líder democrata-cristão considerou ainda que “foi uma campanha muito dura, mas disputada de forma correta”, com um debate vivo. “Vamos o mais depressa possível apresentar uma coligação que governe” de forma estável, disse ainda Merz – que prometeu não demorar excessivamente em encontrar essa mesma coligação. “O mundo não espera por nós”, disse, para explicar que desta vez não é boa política demorar demasiado tempo a ter um governo pronto para relançar o país. A confirmarem-se os resultados das projeções, a CDU sobe 4,3 pontos percentuais em relação às eleições de 2021.
Já Olaf Scholz admitiu a derrota – para de seguida agradecer a todos os social-democratas. “Temos um mau resultado, e eu assumo a responsabilidade. Dou os parabéns a Merz e desejo-lhe boa sorte. A votação no AfD é uma coisa com que nunca vou contentar-me”, disse ainda, para aconselhar todos os partidos a não pactuarem com o partido. Scholz falou ainda da Ucrânia e lembrou que “o governo que liderei na Alemanha esteve sempre ao seu lado. Foi uma honra ter sido chanceler da Alemanha”. “Agora será outro a tentar encontrar uma maneira de formar governo”. Os social-democratas perdem 9,4 pontos em relação a 2021.
Por seu lado, a líder da extrema-direita alemã, Alice Weidel, saudou o “resultado histórico” do seu partido, a AfD, nas eleições legislativas. “Nunca fomos tão fortes a nível nacional”, disse, falando na sede do partido em Berlim. Segundo as primeiras sondagens, o partido obteve entre 19,5% e 20% dos votos, o dobro de há quatro anos e um resultado histórico. O partido anti-imigrante e pró-russo foi fundado em 2013. Nas projeções à boca das urnas, os extremistas de direita sobem 9,7 pontos em relação aos pouco mais de 10% que obtiveram em 2021.
Destaque também para os Verdes, que têm projeções da ordem dos 13,5% – depois de há poucas semanas terem passado por uma fase em que chegaram a estar próximos de da barreira dos 10%.
Pelas projeções, a CDU-VSU poderá fechar a noite com 187 lugares no Parlamento – que, ao contrário do que era costume, terá 630 lugares fixos – com a AfD a assumir 131 lugares, o SPD 106, os Verdes 81, o Die Linke 58, o FDP 33, e o BSW igualmente 33. Os social-democratas perderam cem deputados.
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