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Alemanha: Scholz pede envolvimento europeu nas negociações de paz na Ucrânia

Os EUA e a Rússia estão a dividir a Ucrânia por via telefónica e isso, segundo o chanceler alemão Olaf Scholz, é intolerável. Agora, exige garantias para Kiev e participação nas negociações de paz.
17 Fevereiro 2025, 10h34

Após a Conferência de Segurança de Munique, a Europa está a mexer-se para encontrar uma solução face ao ‘deslace’ do entendimento entre a Europa e os Estados Unidos. O chanceler Olaf Scholz (que está em plena campanha eleitoral para as eleições do próximo fim-de-semana) está a definir as primeiras condições para novas negociações no âmbito da guerra da Ucrânia. Segundo o chanceler, não haverá acordo de paz possível para a Ucrânia sem a participação dos europeus.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, prometeu que envolveria os europeus nas futuras negociações – assim como a própria Ucrânia, mas o vice-presidente dos EUA, JD Vance, apresentou uma nova ordem mundial em Munique e elevou os EUA, sob o comando do presidente Donald Trump, ao status de “xerife”, dizem comentadores citados pelo jornal alemão ‘Der Spiegel’.

Scholz defendia negociações conjuntas. “Temos de ser questionados porque isso não pode ser feito sem nós”, disse Scholz na noite de domingo na RTL e na NTV quando questionado sobre se temia que os EUA e a Rússia pudessem chegar a um acordo sobre a Ucrânia sem a participação da União. Não haverá “nenhuma garantia de segurança que não tenhamos desenvolvido e aceitado por nós mesmos”, acrescentou Scholz.

No debate televisivo entre os principais candidatos, Scholz formulou duas condições para um acordo que ponha fim à guerra na Ucrânia: a Ucrânia deve estar envolvida; e deve ser capaz de manter um exército forte após um acordo de paz.

“Não permitiremos que ninguém concorde que a Ucrânia será desmilitarizada”, disse Scholz. “Por outro lado, precisa de um exército muito forte para que não seja atacado novamente se um acordo de paz for alcançado.”

Scholz disse que reuniria “com muitos amigos” em Paris esta segunda-feira “para concordar exatamente sobre isso”.

Os europeus discutirão em Paris como lidar com a mudança na política dos EUA na guerra da Ucrânia. Na quarta-feira passada, Trump teve uma ligação telefônica de uma hora e meia com o presidente russo, Vladimir Putin, sem consulta prévia aos europeus. Trump declarou posteriormente que havia concordado com o líder do Kremlin em iniciar negociações sobre o futuro da Ucrânia “imediatamente” – o que deverá acontecer na Arábia Saudita. Isso gerou temores entre os aliados ocidentais de que a Ucrânia e seus parceiros europeus seriam excluídos das negociações na Ucrânia. E foi isso mesmo que sucedeu.

O que está previsto para a Arábia Saudita é que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, se encontre com uma delegação russa – que não se sabe por quem será composta. Rubio chegou a dizer que “se houver negociações reais — ainda não chegámos lá — mas se elas acontecerem, então a Ucrânia deve ser envolvida porque foram eles que foram invadidos. E os europeus devem estar envolvidos porque eles também impuseram sanções à Rússia e a Putin e porque contribuíram para esses esforços”. Mas isso foi ‘há muito tempo’: tudo foi desmentido pelo vice-presidente JD Vance em Munique.

Recorde-se que o próprio Scholz falou pela última vez com Putin em novembro – o que gerou um coro de protestos um pouco por todo o lado, nomeadamente em Kiev. Segundo Scholz, no entanto, essas conversas “não tiveram consequências.

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