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Alexandre Soares dos Santos: o empresário “imprevisível”

O empresário liderou o grupo Jerónimo Martins, que detém os hipermercados Pingo Doce, durante 46 anos.
  • Alexandre Soares Santos
    José Sena Goulão/Lusa
16 Agosto 2019, 23h25

Nascido no Porto a 23 de Setembro de 1934, Alexandre Soares dos Santos veio para Lisboa com um ano quando o pai se mudou para Lisboa para trabalhar com o sogro na Jerónimo Martins. Frequentou a escola primária no Colégio Académico dos Anjos, e depois foi fazer o secundário, como aluno interno, no colégio católico Almeida Garrett do Porto.

Estudou no Porto e chegou a frequentar a licenciatura em Direito, já em Lisboa, curso que acabou por deixar cair para iniciar a atividade profissional. Esta opção acabou por levá-lo a mudar-se para a Alemanha com 22 anos, já ao serviço da Unilever, tendo durante seis semanas experimentado ser operário no turno da noite e depois vendedor durante cinco meses.

O percurso profissional no estrangeiro seria interrompido pela morte do pai, em 1969, ano em que Soares dos Santos já era diretor de marketing da Unilever Brasil. Regressou ao país e assumiu a presidência da Jerónimo Martins. A expansão internacional foi a sua grande prioridade a partir de então.

Polémico e frontal, disse numa entrevista que a palavra que melhor o definia era “imprevisível”. Durante quase cinco décadas esteve à frente do destino do grupo Jerónimo Martins, do qual faz parte o Pingo Doce. Esteve na liderança da internacionalização da empresa, que hoje está presente nos mercados da Polónia e Colômbia. Presidiu também a Sociedade Francisco Manuel dos Santos que, além de deter a maioria da Jerónimo Martins, financia a Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Em Março de 2017, foi condecorado por Marcelo Rebelo de Sousa com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial, que distingue “quem haja prestado, como empresário ou trabalhador, serviços relevantes no fomento ou na valorização de um sector económico”.

Pedro Soares dos Santos tornou-se presidente executivo da Jerónimo Martins em 2010, substituindo Luís Palha da Silva, um gestor profissional muito respeitado no mercado, que também era tido como potencial sucessor de Alexandre.

Alexandre Soares dos Santos ainda apoiou o filho na entrada na Colômbia (a má experiência do Brasil nunca foi esquecida) e, ainda hoje,  era um dos rostos da Jerónimo Martins, e gostava de dar cara pelo grupo, nos bons e nos maus momentos. Foi ele, por exemplo, que “liderou a resposta à contestação política e social que se gerou após a decisão, da gestão executiva, de abrir o Pingo Doce num feriado de 1 de Maio.

A memória mais antiga que Alexandre Soares dos Santos tinha da empresa bicentenária com o mesmo nome vem de uma conversa com o avô. “Sei pelo meu próprio avô – recordava Alexandre Soares dos Santos – que foi feito um convite, a ele e ao senhor Vale, que eram comerciantes do Norte, para virem para Lisboa recuperar a Jerónimo Martins. Não só vieram para recuperar como compraram a Jerónimo Martins”, recordou em várias entrevistas.

Pedro bebeu do pai o conhecimento e a estratégia. Há muito que era visto como o sucessor natural do patriarca mas teve de passar por todas as fases de aprendizagem. Desde o posto mais baixo ao topo da hierarquia o caminho foi longo. O gestor iniciou a sua carreira profissional em 1983, na direção de operações do Pingo Doce e, em 1985, desempenhou funções nas áreas de vendas e Marketing da Iglo/Olá. Em 1990, ingressou no Recheio, onde assumiu  o cargo de diretor de operações. Cinco anos mais tarde foi nomeado diretor-geral do Recheio e eleito administrador de Jerónimo Martins. Conhece todos os pormenores da atividade de retalho alimentar em Portugal e é considerado um trabalhador incansável.

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