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Algas podem combater cancro e criar antibióticos, conclui estudo

A investigação incidiu numa espécie de alga comum na costa portuguesa, a ‘Laminaria ochroleuca’ (algas castanhas de grandes dimensões), e num tipo de bactéria específico, a actinobactéria.
9 Abril 2019, 08h19

Algas comuns podem ser resultar em medicamentos anticancerígenos e antibióticos capazes de combater infeções resistentes, segundo um estudo de feito em Portugal e publicado esta terça-feira na revista científica “Fronteiras em Microbiologia”.

Inédito e promissor, como explicou à Lusa a principal autora do estudo, Maria de Fátima Carvalho, o trabalho permitiu ainda descobrir dois compostos produzidos por bactérias que não são conhecidos e que podem mesmo ser moléculas novas.

A investigação incidiu numa espécie de alga comum na costa portuguesa, a ‘Laminaria ochroleuca’ (algas castanhas de grandes dimensões), e num tipo de bactéria específico, a actinobactéria. “Focámo-nos na comunidade de bactérias ligadas a estas algas, as actinobactérias, que estão muito ligadas à produção de compostos conhecidos para antibióticos”, explicou Fátima Carvalho, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que funciona em Matosinhos.

A responsável contou que o objetivo foi perceber como é que aquelas bactérias podiam estar ligadas a essa alga castanha comum na costa portuguesa e depois o seu potencial. Um trabalho que nunca tinha sido feito.

E os resultados, disse, foi que de facto foram identificados compostos produzidos pelas actinobactérias com essas qualidades, com potencial antimicrobiano e anticancerígeno.

Basicamente, os compostos que as bactérias produzem para se defenderem no meio onde vivem podem ajudar a combater infeções no ser humano. O trabalho científico levou a perceber que também eram capazes de inibir linhas celulares cancerígenas, explicou Maria de Fátima Carvalho.

O estudo “leva-nos a crer que outras espécies de algas podem ser uma fonte valiosa” para medicamentos no futuro, disse.

“Não estou a dizer que obtivemos um composto, obtivemos indicações de que haverá compostos que podem ser uma solução para problemas como infeções resistentes, como infeções hospitalares, ou alguns tipos de cancro”.

O estudo vai continuar, até porque os investigadores obtiveram dois extratos de bactéria que não estão classificados e que terão de ser estudados em profundidade.

E para já, nas palavras da investigadora, as algas são uma matéria prima que “vale a pena explorar”, pelos “resultados promissores”.

Os compostos defensivos produzidos pelos micróbios são desde há muito uma importante fonte de antibióticos e outros medicamentos. E a Laminária é uma rica fonte de bactérias podendo potenciar novos medicamentos.

Citada pela revista Fronteiras em Microbiologia, Maria de Fátima Carvalho disse que as actinobactérias marinhas são relativamente pouco exploradas e que podem ser uma fonte muito rica de moléculas microbianas bioativas.

“Este estudo revela que (a alga Laminaria) é uma rica fonte de actinobactérias com promissoras atividades antimicrobianas e anticancerígenas”, resumiu a responsável à revista.

“Identificámos extratos de duas estirpes de actinobactéria que não combinam com nenhum composto conhecido no banco de dados internacional mais abrangente de compostos bioativos naturais. Pretendemos dar seguimento a esses resultados empolgantes”, concluiu Maria de Fátima Carvalho.

 

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