De 15 a 30 de novembro, o Alkantara Festival regressa a diversos palcos e espaços de Lisboa, para questionar o mundo e como nele vivemos, através do cruzamento de diferentes práticas das artes performativas.
O palco da Culturgest acolhe o espetáculo de abertura, A Noiva e o Boa Noite Cinderela, que será, também, a estreia em Portugal da artista brasileira Carolina Bianchi e do seu coletivo, Cara de Cavalo. Aquela que foi uma das propostas mais controversas da 77.ª edição do Festival de Avignon, encara “a violência e a morte, na fronteira entre realidade e pesadelo, sem a possibilidade de catarse ou salvação”. Um murro no estômago? Talvez não. Apenas a realidade que fala mais alto. Neste caso, a realidade de um grupo de mulheres violadas e, de seguida, assassinadas, serve de ponto de partida para “uma jornada para um abismo, um buraco no meio do deserto, um mergulho num copo de bebida de violação – uma descida ao inferno”, sintetiza o Alkantara Festival numa nota de imprensa.
Do Brasil chega também Francisco Thiago Cavalcanti. Ou, como o próprio se apresenta: artista da dança, do teatro e da performance, queer, neurodiverso, não-branco. Em 52blue, a apresentar no Teatro do Bairro Alto, Cavalcanti metamorfoseia-se numa baleia solitária, que canta sozinha, emitindo sons na frequência de 52 hertz quando outras baleias de migração semelhante emitem entre 10 a 39 Hz e 20Hz, sendo por isso descrita como “a baleia mais só do mundo”. O canto é imprescindível para sobreviver e acasalar, para socializar e percorrer rotas migratórias. E também porque sim. Analogia com a solidão que os humanos escolhem ou, em muitos casos, não conseguem combater.
O São Luiz Teatro Municipal receberá Hatched Ensemble, da coreógrafa sul-africana Mamela Nyamza. Com este trabalho revisita o seu solo autobiográfico Hatched (2007), para abraçar e expor as complexidades da construção de identidades a partir da dança.
Estreia-se em Portugal com esta nova versão, que reúne dez intérpretes de diferentes origens e com formação em ballet, uma cantora de ópera e um instrumentista de música tradicional africana. Objetivo? Desconstruir as normas da dança clássica para a aproximar da dança tradicional e contemporânea, “numa coreografia que valoriza as experiências, os movimentos e os corpos do elenco”. No fundo, propor um caminho, um futuro mais plural e inclusivo.
Convocar o público para ‘sentir’ experiências de exílio e de guerra faz parte do processo criativo de Basel Zaraa, artista palestiniano radicado no Reino Unido. Digamos que é a sua linguagem para enfrentar, expressar e compreender o trauma do povo palestiniano. À pergunta da sua filha, “porque não podemos ir lá”, a resposta de Zaraa é como que um puzzle para a ajudar a deslindar um passado que não conhece. “Querida Laila, tens agora cinco anos e começaste a perguntar-me onde cresci, e porque é que não podemos ir lá.” A partir daqui, Basel Zaraa regressa à casa onde cresceu, no campo de refugiados palestinianos de Yarmouk, na Síria, percorre as memórias da sua infância e a luta do povo palestiniano.
A Biblioteca Palácio Galveias acolhe Querida Laila, uma instalação-performance que o Alkantara Festival apresenta em conjunto com o Teatro Nacional D. Maria II – que, nesta edição, regressa ao seu papel de coprodutor, a par do Centro Cultural de Belém, Centro de Arte Moderna – Gulbenkian, Culturgest, Lisboa Cultura, São Luiz Teatro Municipal e Teatro do Bairro Alto.
O anúncio do programa completo está previsto para o dia 22 de outubro, mas pode sempre ir consultando aqui todas as atualizações da edição 2024.
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