Apesar dos dados encorajadores sobre a inflação, uma parte dos analistas dos mercados considera que a Reserva Federal (Fed) norte-americana ainda não está preparada para começar a baixar as taxas diretoras. “Esperamos que a Fed mantenha as taxas de juro diretoras na sua próxima reunião de política monetária”, refere um research da Allianz Global Investors (AllianzGI) assinado pelo analista Franck Dixmier, diretor global de Investimentos em Obrigações. A The Federal Open Market Committee (FOMC) reunirá esta terça e quarta-feira.
Os dados robustos sobre o emprego deverão levar a Fed a permanecer vigilante e a moderar as expetativas dos investidores relativamente a cortes nos juros, refere o documento – ou seja, já há dinheiro suficiente a circular no lado do consumo interno, e o banco central não vai querer contribuir para o aumento desse consumo.
“Acreditamos que a Fed deve ter atingido a sua taxa após o ciclo mais agressivo de restrição da política monetária em 40 anos. Os dados mais recentes sobre inflação e crescimento apoiam esta visão. Nos últimos meses, a inflação continuou a diminuir. O índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), a medida de inflação preferida da Fed, aumentou apenas 0,16% em termos mensais em setembro, o que corresponde a uma taxa anualizada de 2,5% nos últimos seis meses. Isto está próximo da meta de inflação de 2% da Fed”, salienta Franck Dixmier.
Embora a Fed possa considerar este número encorajador, deverá permanecer vigilante, “tendo em conta os dados do emprego. O último relatório sobre o trabalho recorda a resiliência da criação de emprego e dos salários. A taxa de desemprego de 3,7% diminuiu, apesar de um aumento na taxa de participação e nos custos unitários do trabalho – o que uma empresa paga aos seus trabalhadores para produzir uma unidade de produção – aumentou 0,4% em termos mensais, acima das expetativas de 0,3%, e um aumento de 4% face a novembro de 2022”.
Portanto, “poderá ser prematuro para a Fed baixar os juros, quando os efeitos de segunda ordem poderão alimentar a inflação nos próximos meses. O reequilíbrio dos mercados de trabalho para níveis em que há mais pessoas à procura de emprego e menos vagas tem sido lento a materializar-se. A Fed desejará ver um maior esfriamento nos dados laborais antes de iniciar cortes nos juros e é provável que envie uma mensagem de paciência aos mercados na sua reunião de dois dias do FOMC, que termina na quarta-feira”, refere ainda o analista.
Os investidores compreenderam em parte os desafios que a Fed enfrenta e, por isso, “reviram as suas expetativas de redução das taxas de juro em sequência do último relatório sobre o emprego. O primeiro corte, que foi precificado em 100% em março, agora está precificado em apenas 44% . Na nossa opinião, este nível ainda parece otimista. Acreditamos que o primeiro corte de 25 pontos base não deverá ocorrer antes de meados de 2024. À medida que os mercados vão recalibrando as expetativas, a curva de rendimentos dos EUA deverá ajustar-se para níveis mais elevados após uma recuperação que nos pareceu excessiva”, conclui o estudo da Allianz Global Investors.
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