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Alta Velocidade: IP apresenta candidatura aos fundos comunitários e considera bitola ibérica essencial na ligação a Espanha

Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal realça que se o país fosse para a frente com uma ligação entre Porto e Vigo através da bitola europeia “chegava à fronteira e não entrava”. Governo diz neste momento todas ligações ferroviárias de Espanha à fronteira portuguesa estão em bitola ibérica.
Foto cedida
23 Janeiro 2024, 07h30

A Infraestruturas de Portugal (IP) vai submeter esta semana a candidatura aos fundos comunitários europeus com vista à construção da linha de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto, nomeadamente a primeira fase que vai ligar Porto a Oiã e Oiã a Soure.

“Esta candidatura já foi entregue e avaliada no ano passado, no fundo é recuperá-la e acrescentar o que estava em falta, ou seja, uma demonstração que a avaliação do impacto ambiental está concluída e que o concurso foi lançado antes do final da candidatura. São 729 milhões de euros, sendo que 480 milhões vão financiar o primeiro concurso que foi já lançado entre Porto-Oiã e os restantes 249 milhões vão financiar Oiã-Soure”, explicou Carlos Fernandes, vice-presidente das Infraestruturas de Portugal, à margem da conferência intitulada, “Situação da Ferrovia nos Planos Nacionais de Investimento PNI2020 e PNI2030”, que decorreu na Sociedade de Geografia de Lisboa na segunda-feira.

Sobre o custo da construção da Linha de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto, o responsável adiantou que entre Porto e Oião valor está estimado em 1.975 milhões de euros, sendo que entre Oiã e Soure as verbas são de 1.750 milhões. “São esses os valores que estão fechados”, afirmou.

Outro dos temas abordados foi a questão da bitola ibérica que o vice-presidente da IP classifica como essencial na ligação com Espanha, realçando que se Portugal fosse para a frente com uma ligação entre Porto e Vigo através da bitola europeia “chegava à fronteira e não entrava”.

Carlos Fernandes acredita que a criação de uma linha de alta velocidade através da bitola ibérica vai possibilitar que qualquer comboio consiga utilizá-la, sem provocar constrangimentos com incompatibilidades, mas que o primeiro passo para essa alteração terá de ser dado por Espanha. “A bitola europeia está em França e tem de vir de França para Espanha e de Espanha para Portugal, nunca pode ser ao contrário”, salientou.

Contudo, Carlos Fernandes realçou que caso seja necessário mudar a configuração em Portugal, tal cenário não deverá trazer problemas. “No dia em que for preciso mudar, isto tem um custo de 100 mil euros por quilómetro”, sublinhou.

Governo diz que neste momento todas ligações ferroviárias de Espanha à fronteira portuguesa estão em bitola ibérica

O encerramento da conferência ficou a cargo de Frederico Francisco, secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas, que começou por destacar o papel do transporte ferroviário, que defendeu estar “no topo da pirâmide como transporte mais eficiente e que deve servir como espinha dorsal onde todos os outros se articulam”.

Questionado sobre as declarações de Carlos Fernandes em relação à bitola ibérica na ligação com Espanha, o secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas, referiu que neste momento todas ligações ferroviárias de Espanha à fronteira portuguesa estão em bitola ibérica e que de acordo com aquilo que o Governo português conhece dos planos existentes em Espanha continuarão em bitola ibérica pelo menos durante os próximos dez, 15, 20 anos.

“Em muitas dessas ligações não existe sequer um horizonte de quando elas poderão migrar. Se nós estamos a construir infraestruturas que têm um custo muito elevado é muito importante que consigamos recolher o máximo de benefício possível dessas infraestruturas tão cedo quanto possível”, afirmou Frederico Francisco, realçando que se as mesmas fossem construídas neste momento sem ser em bitola ibérica ficariam isoladas da rede ferroviária nacional e durante os próximos dez, 15, 20 anos também isoladas da rede europeia.

“Isto iria limitar muito os benefícios económicos e sociais que essas infraestruturas gerariam”, salientou o secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas.

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