Como reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e atrasar o ritmo das alterações climáticas? Estas foram duas das questões em foco no Climate Action Summit das Nações Unidas, realizado no mês passado, e são também algumas das perguntas que continuamos a colocar-nos, na Schroders, para determinar quais as áreas e as empresas que, ao ajudarem a mitigar ou protelar as alterações climáticas, constituem uma oportunidade para os investidores.

Antes de encontrar resposta para questões tão complexas, importa considerar que vivemos tempos de profundas mudanças e que as transformações a que estamos a assistir têm relevância crescente nas decisões de investimento.

Isto acontece porque os objetivos traçados pelos países subscritores do Acordo de Paris implicam a descarbonização da economia a nível global. O mesmo é dizer que praticamente todas as indústrias precisam de se reinventar, de encontrar novas tecnologias e novas formas de produção, de reduzir a sua pegada e de fazer mais com menos, dando melhor uso aos recursos e resíduos, rumo à bioeconomia circular.

Este novo paradigma significa que, enquanto investidores, estejamos conscientes e atentos a todo um novo conjunto de produtos, serviços e tecnologias que estão a destronar muito do que conhecíamos até aqui e, assim, identificar – para poder evitar exposição – as indústrias que não estão posicionadas para liderar ou, no mínimo, acolher esta verdadeira disrupção.

Será que estamos prontos para esta nova realidade?

A rede de gestores de investimentos PRI – Principles for Responible Investment das Nações Unidas, divulgou, em setembro, um relatório onde conclui que não: os mercados não estão a considerar as necessárias respostas políticas às alterações climáticas e muitos investidores serão “apanhados de surpresa” por decisões políticas abruptas, que serão assumidas nos próximos cinco anos.

No último Schroders Global Investor Study 2019 (estudo independente que inquiriu mais de 25 mil investidores em 32 territórios, 500 em Portugal), concluímos também que poucos integraram nas suas carteiras os temas relacionados com a sustentabilidade. No caso dos portugueses, embora mais de 60% considere que as alterações climáticas terão impacto nos seus investimentos, apenas 17% investiu em ativos sustentáveis e 30% revelou interesse em fazê-lo.

Porquê agora?

Porquê agora? Porque a realidade não espera pela consciencialização dos investidores e dos mercados e porque agir agora não representa necessariamente um risco acrescido. Há múltiplas áreas e empresas que já provaram a sua capacidade, em subsectores como as energias renováveis ou os veículos elétricos, por exemplo; e temos hoje várias tecnologias que já apresentam custos competitivos (e deixaram inclusive de depender da subsidiação estatal) e se tornaram escaláveis.

Investir agora implica agir antes do ponto de inflexão para, assim, aproveitar oportunidades que ainda se encontram subvalorizadas pelo mercado e que, sendo ignoradas por parte significativa dos investidores, mantêm perspetivas de retorno atrativas e sustentáveis. Investir agora é, nos seus vários sentidos, contribuir para um melhor amanhã.