São 12 Autoeuropas. Portugal e os centros de dados estão numa relação que vale 24 mil milhões de euros. Deste total, 12 mil milhões de investimentos vão acontecer até 2030, mas já há mais investidores de olho no país. Os interessados são principalmente norte-americanos que querem instalar centros de dados dedicados à Inteligência Artificial (IA) em Portugal.
“Existem vários investidores posicionados no mercado. A maioria são americanos. Estamos a falar de valores comparáveis, são grandes investidores que podem atingir este valor”, revelou ao JE o presidente da Associação Portuguesa de Centro de Dados – Portugal DC, Luís Pedro Duarte, que não revelou os nomes dos interessados por questões de confidencialidade.
O responsável fez questão de sublinhar que os 12 mil milhões extra de investimento ainda estão a ser estudados e que poderão avançar, “assim consigamos demonstrar as características diferenciadoras de Portugal” para que os “investidores que estão com um pé na porta consigam mesmo entrar e executar os seus projetos”.
Estes investimentos ganham agora novo alento, depois de os EUA terem retirado as restrições à venda de chips da Nvidia a Portugal e outros países. “São notícias bastante positivas para o setor”, segundo Luís Pedro Duarte.
Em termos de timing, até ao final da década, estão previstos os 12 mil milhões de euros iniciais, com os restantes 12 mil milhões a ficarem para mais tarde, se forem concretizados.
Para que é que servem estes centros de dados todos? Existem centros dedicados às telecomunicações, incluindo a internet, e que devem ficar próximos do consumo, daí a grande procura a que se tem assistido na região de Lisboa. Depois, há os chamados ‘hyperscalers’ que servem para alimentar a computação cloud e as aplicações de Inteligência Artificial. Um exemplo destes é o centro de dados de Sines, da Start Campus, que implica um investimento total na ordem dos 8,5 mil milhões de euros, com uma capacidade de 1,2 gigawatts, a maior fatia dos 12 mil milhões previstos até 2030.
Na Europa, os centros de dados vão expandir a sua capacidade em mais de 20% este ano para dar resposta à procura cada vez mais crescente com a corrida à IA.
A Google e a Amazon são duas das tecnológicas na corrida aos centros de dados, mas existem muitas mais.
A falta de espaço e de rede elétrica nas grandes cidades europeias, como Paris, Londres, Amesterdão ou Frankfurt, leva as companhias a procurar outras localizações, incluindo Milão, Berlim ou Varsóvia.
Este ano deverão entrar em funcionamento mais de 9 gigawatts de capacidade, com os ‘hyperscalers’ a pesarem mais de um terço, segundo uma previsão da CBRE. O preço-médio na Europa para construir capacidade atinge os 12 milhões de euros por megawatt (MW), segundo a consultora imobiliária, citada pela “Reuters”.
Até 2030, a procura por centros de dados deverá atingir 35 gigawatts, face ao 10 gigas hoje existentes, segundo a McKinsey. Para atingir esta capacidade, serão necessários investimentos entre os 250-300 mil milhões de dólares (223-268 mil milhões de euros).
A procura por eletricidade na Península Ibérica para centros de dados vai quadruplicar até 2030 para atingir quase 13 terawatts-hora. “A Península Ibérica conta atualmente com um excesso de eletricidade devido à elevada produção de energia renovável”, segundo a Aurora Energy Research que espera que os centros de dados absorvam a energia excessiva da rede e que “incentive investimentos no setor”.
“Com avanços tecnológicos e a expansão da conetividade, o consumo de energia de centros de dados vai transformar a paisagem energética da região. Centros como Madrid, Barcelona, Zaragoza, Lisboa e Sines estão a liderar este crescimento, com instalações maiores e mais avançadas em desenvolvimento”, de acordo com a consultora.
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