Os custos das turbinas eólicas dispararam 40% desde 2019 devido a problemas nas cadeias de abastecimento e ao aumento das matérias primas. Esta é a conclusão de um estudo da EY divulgado na quarta-feira.
A tendência desde 2012 era que os preços do equipamento descessem anualmente, mas desde 2019 que têm vindo a aumentar. Isto pode colocar em risco as metas de vários países até 2030, avisa a consultora, apontando que 80% dos 15 mercados com metas eólicas offshore vão “falhar as suas metas”.
Para atingir as metas até ao final da década será preciso instalar uma média de 35 gigawatts anualmente. Este ano foram instalados apenas nove gigawatts.
“A emergência climática e as metas carbono zero significam que existe uma necessidade urgente de acelerar investimento na cadeia de abastecimento das eólicas offshore em todo o mundo”, defende a EY.
O estudo também destaca que 24 gigawatts previstos para arrancar em 2025 e 2027 ainda não foram alvo de uma decisão final de investimento (FID).
Até 2050, a capacidade eólica offshore mundial deverá atingir 500 gigawatts. Portugal tem previsto atingir 10 gigawatts durante a década de 2030. Ao mesmo nível, é possível observar a Irlanda (5 gigas), Coreia do Sul (14 gigas), Polónia (11 gigas), Taiwan (13 gigas), Japão (10 gigas). Mas há um pelotão na frente em termos de ambição nos próximos 10 anos: Alemanha (30 gigas), Países Baixos (21 gigas), Reino Unido (50 gigas), EUA (30 gigas), India (30 gigas).
No documento, também é salientado que o preço de oito matérias-primas necessárias para construir uma turbina eólica disparou 85% desde 2020, incluindo o níquel (72%), cobre (47%), aço (42%), ou zinco (23%).
A EY destaca que os EUA e a Europa deverão assistir a problemas na cadeia de abastecimento das turbinas e componente no início de 2025, com o impacto do programa de fomento dos EUA, o IRA; com o aumento da ambição na Europa; o rápido desenvolvimento na China; vários mercados em desenvolvimento a acelerar.
“Um desafio, pelo menos até 2035, é assegurar materiais e metais críticos em quantidade suficiente para a produção de turbinas. Estes estão em alto risco de interrupção de abastecimento”, segundo a consultora.
A consultora deixa algumas recomendações, inclindo a simplificação e aceleração dos processos de aprovação, “minimizando o tempo entre a atribuição de uma área e o FID. Os produtores estão expostos a risco durante este período (custos de construção, taxas de juro, inflação) até a sua base de custos ser fixa”, pode-se ler.
Outra recomendação é a criação “de regimes de subsídios para incorporar mecanismos que mitiguem os riscos sobre os quais os promotores não têm controlo”.
Sobre os leilões, a EU recomenda que mais fatores além do preço podem precisar de ser incluidos. “Os promotores precisam de ser avaliados em termos de risco de cumprimento, o seu plano de negócios e o seu balanço. Estes contratos não podem ser ganhos apenas com base no preço”, destaca Andrew Perkins.
Recorde-se que num estudo divulgado recentemente pelo INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial, do Porto, concluía-se que Portugal não tem capacidade industrial para fornecer os componentes necessários à grande empreitada da energia eólica offshore.
Portugal é o sétimo país do mundo mais atrativo para renováveis
Portugal é o sétimo país do mundo mais atrativo para investimentos em energias renováveis, subindo três posições face ao ranking anterior, segundo um estudo da consultora EY divulgado na quarta-feira. A posição atingida é no índice normalizado que tem em conta o PIB de cada país, com Portugal a ultrapassar países como Espanha, França, Alemanha e Reino Unido.
Esta subida deve-se à ambição do Governo português que pretende atingir a meta de 85% de eletricidade com energias renováveis até 2030, segundo a revisão do PNEC 2030 que está a ser avaliado em Bruxelas, aumentando a aposta em mais energia verde.
“O novo objetivo fixado pelo governo português, de produzir 85% de eletricidade com fontes de energias renováveis em 2030, justifica a subida de três lugares no ranking e constitui um enorme crescimento da capacidade prevista nos sectores solar, eólico e de hidrogénio verde, reduzindo assim a dependência do gás natural no país”, de acordo com o comunicado.
“Portugal tem-se destacado não só pelos objetivos ambiciosos representados no Plano Nacional Energia e Clima (PNEC), mas também pela capacidade de implementação de que o recente recorde de 6 dias seguidos onde a geração de fontes renovável foi superior às necessidades de consumo de todo o país, é um excelente exemplo”, disse em comunicado o responsável da EY José Roque.
A liderar o índice normalizado está a Dinamarca que destronou a Grécia (que recuou para terceiro), com Marrocos a manter a segunda posição.
A Grécia atingiu recentemente a marca de 11 gigawatts de renováveis, prevendo 1,7 gigawattts de hidrogénio verde.
Já Marrocos espera construir 1 gigawatt por ano de renováveis até 2027, estando também previsto o cabo submarino de eletricidade para fornecer energia ao Reino Unido,mas só a partir de 2030.
Na Irlanda, Dublin assinou um acordo com o Reino Unido para promover a construção de energia renovável offshore e para aumentar as interligações, melhorando a segurança de abastecimento e reduzindo o risco de intermitência.
Fora do ranking normalizado, os EUA lideram com a energia solar a atginr recordes no país: 32 gigawatts de capacidade atingidos este ano, mais 50% face a 2022. Já os incentivos do programa de fomento IRA também justicam a sua liderança.
Destaque para a China na segunda posição, com a sua aposta na energia solar e eólica. O país deverá atingir 1,2 terawatts de capacidade solar e eólica em 2025, antecipando em cinco anos a meta prevista.
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