O GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente veio hoje a público criticar a construção de uma “mega” central solar na zona da Comporta, que conta com mais de 1 milhão de painéis.
O Complexo Solar Fotovoltaico do Sado promovido pela Tecneira prevê uma capacidade instalada de 600 megawatts (MW) numa área “integralmente sobreposta à Zona Especial de Conservação Comporta/Galé, parte da Rede Natura 2000”, exigindo também a “exclusão da Rede Natura 2000 da expansão” de todos os projetos de energias renováveis.
O grupo ambientalista manifestou a sua “total discordância” com este projeto durante a consulta pública para a Proposta de Definição de Âmbito do projeto, um passo burocrático para um promotor definir os parâmetros do posterior Estudo de Impacte Ambiental (EIA), isto é, que aspetos deve o estudo analisar.
“O país comprometeu-se com a proteção efetiva de 30% do território e está a desenvolver um Plano de Restauro da Natureza. Avançar com uma central solar desta dimensão numa área protegida seria uma contradição total com estes objetivos. As energias renováveis devem, preferencialmente, ser instaladas em áreas já edificadas ou degradadas e, nunca, em zonas classificadas”, disse o vice-presidente da GEOTA Miguel Macias Sequeira em comunicado.
A organização alertou assim para o “impacto irreversível” deste “megaprojeto sobre habitats naturais, solos, linhas de água e biodiversidade, em particular sobre áreas de montado de sobro e azinho, espécies protegidas e ecossistemas de elevado valor ecológico”. Este projeto é um “exemplo paradigmático de como a transição energética não pode ser feita à custa da destruição do património natural protegido”.
O projeto deverá ser instalados nas freguesias de Comporta, União das freguesias de Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana, e União das freguesias de Grândola e Santa Margarida da Serra, nos concelhos de Alcácer do Sal e no de Grândola.
A central nasceu dos chamados acordos diretos celebrados entre vários promotores e a REN que prevê que sejam os próprios promotores a financiar a ligação elétrica entre o projeto e a rede elétrica nacional.
Além da produção de energia solar, o centro também estará equipado com um “sistema de armazenamento de até 300MW/600MWh, que permitirá a injeção de eletricidade na Rede Elétrica de Serviço Público de forma mais flexível, em função das necessidades de consumo nacional”.
Com 1.272 hectares de área vedada, os painéis serão instalados numa área de 356 hectares. Por ano, a central vai produzir 1.571 GWh, evitando a emissão de 327 mil toneladas de CO2.
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