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Americana Stripe chega a Portugal. Tecnológica permite aceitar pagamentos em 130 moedas

A empresa de São Francisco pretende que o software de pagamentos seja uma rampa de lançamento das PME nacionais. Em entrevista ao Jornal Económico, Guillaume Princen, responsável pelo negócio na Europa Continental, realça a fama que os sites portugueses estão a ter no estrangeiro. “Adoro saber que não estou realmente a pagar, que seja algo natural”, confessa.
10 Setembro 2019, 07h45

Guillaume Princen, responsável pelo negócio da Stripe na Europa Continental, sabe que Portugal é o “país de Pequenas e Médias Empresas” (PME) – e foi essa mesma característica que fez com que a tecnológica norte-americana ‘piscasse o olho’ ao mercado nacional. A empresa de software de pagamentos lança-se esta terça-feira, 10 de setembro, em oito novos mercados: Portugal, Estónia, Grécia, Letónia, Lituânia, Polónia, Eslováquia e Eslovénia..

Com sede em São Francisco, na Califórnia, a Stripe tem mais de um milhão de clientes – entre os quais a Uber, a Shopify e a Amazon –, escritórios em 13 cidades, transaciona milhares de milhões de dólares por dia e conta com 200 mil pedidos de API (Application Programming Interface) diários. Os oito novos países fazem com que a tecnologia desta empresa passe agora a estar operacional em 42 geografias.

Em entrevista ao Jornal Económico (JE), Guillaume Princen admite que “Portugal é um mercado interessante porque tem mostrado ter talento técnico e qualificado reconhecido mundialmente”. “Há um ecossistema de startups dinâmico. Não devemos sempre olhar para polos como Londres, por exemplo”, afirma.

O porta-voz da Stripe não comentou ao JE as expectativas sobre o número de clientes e receitas no país, mas refere que o crescimento do e-commerce nacional – inclusive a pujança que os sites portugueses estão a ter no estrangeiro – deu uma nova oportunidade às empresas designadas nativas digitais. Questionado sobre se está nos planos inaugurar uma infraestrutura física em Portugal, Guillaume Princen não descarta a hipótese: “Vamos estabelecer-nos aqui fazendo tudo passo a passo. É possível”.

A Stripe disponibiliza vários métodos de pagamento (cartão de crédito, Multibanco, Alipay, Amex, WeChatPay…) em 130 moedas diferentes para fazer com os seus clientes cheguem, assim, a mais clientes. Logo, as empresas portuguesas podem começar a aceitar pagamentos em mais de uma centena de moedas distintas por uma taxa fixa de 1,4% (para cartões europeus) e 0,25 euros por cada pagamento.

“Queremos chegar às PME portuguesas, que têm menos recursos para competir à escala global e para serem 100% seguras. A segurança sempre esteve no nosso ADN, e surge mais no debate à medida que há cada vez mais pagamentos invisíveis”, adiantou, na mesma entrevista.

Trata-se de vender um software na ‘nuvem’, desenhado para os programadores web, com o objetivo de tornar os sites das empresas mais intuitivos para o utilizador, o que passa por criar métodos de pagamento personalizados, para incrementar as vendas online. “Os negócios online preocupam-se mais com a experiência do cliente, em ter ofertas como marketplaces e têm diferentes modelos de negócio. Por isso, também precisam de infraestruturas de pagamentos diferentes. Em vez de despenderem dinheiro e tempo a recrutar mais engenheiros para desenvolver um produto ou fazer apenas uma reprogramação nós podemos fazer isso por elas”, diz.

Guillaume Princen defende que as organizações mais tradicionais também se têm adaptado à digitalização, a utilizar ferramentas como o Google Ads ou até a reformular a sua infraestrutura de pagamentos. As empresas estão cada vez mais preocupadas com a experiência do cliente”, sublinha.

“Adoro saber que não estou realmente a pagar, que seja algo natural. Estou habituado a isso. Tão habituado que no outro dia entrei num táxi e ia saindo sem pagar, por causa das aplicações como o Uber” – Guillaume Princen

A empresa, criada em 2011, está avaliada em 22,5 mil milhões de dólares (cerca de 20,3 mil milhões de euros), tendo recebido até ao momento 785 milhões de dólares (aproximadamente 710 milhões de euros) de financiamento de investidores como a Sequoia Capital, Andreessen Horowitz, General Catalyst, Capital G, Elon Musk e Peter Thiel, Visa e American Express. O investimento associado à entrada em Portugal prendeu-se essencialmente com o número de engenheiros e programadores, encarregues de adequar o software à integração dos pagamentos por Multibanco. Em termos de parcerias e clientes nacionais, Guillaume Princen destaca a com a plataforma tecnológica Beta-i e a startup Uniplaces.

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