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Amorim/Vanguard sozinho no concurso para a venda da Comporta

‘And then there was one’. O grupo Amorim e a Vanguard Properties de Claude Berda ficaram sozinhos no concurso organizado pela Deloitte. Mas ainda tem de passar na Assembleia de Participantes.
20 Setembro 2018, 18h56

A única proposta para a compra dos ativos da Herdade da Comporta é do consórcio de Claude Berda e Paula Amorim, sabe o Jornal Económico.

O consórcio Amorim/Vanguard/Port Noir entregou a proposta vinculativa nas instalações da Deloitte em envelope fechado e na presença de um notário, às 17 horas, como estava definido nas regras. Não apareceu mais nenhuma proposta.

A proposta vai agora ser avaliada e poderá ser alvo de ajustes na fase das negociações diretas que vão decorrer até ao fim deste mês. Entretanto será preciso convocar uma Assembleia de Participantes para que os detentores de unidades de participação do Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado que detém os ativos da Herdade da Comporta possam aprovar.

Não é conhecido o valor da proposta do consórcio Amorim/Vanguard, mas no anterior concurso  a proposta de Claude Berda e Paula Amorim totalizava 147,4 milhões: 28 milhões em dinheiro e a assunção dos 119,4 milhões de dívida à CGD (à qual o fundo não paga juros há quatro anos). Este consórcio dizia que a proposta valia, na verdade, 156,4 milhões, porque não incluía os créditos do fundo sobre a DCR & HDC (avaliados em 8,2 milhões) nem os lotes das Casas da Encosta (avaliados em 852 mil euros). Mas neste concurso a oferta é para todos os ativos, pelo que os números serão diferentes.

Recorde-se que o valor da avaliação dos ativos do fundo registado na CMVM é de 202 milhões (avaliação que inclui equity e dívida).

Proposta inclui projeto ambiental e de sustentabilidade para a Comporta

A proposta da Amorim Luxury e Vanguard Properties para a Comporta, que foi elaborada com a assessoria da Cushman Wakefield e as consultoras KPMG e EY, inclui um projeto ambiental e de sustentabilidade para a Comporta.

“A sustentabilidade é o pilar que agrega todo o projeto”, diz fonte do consórcio.

“Promover o valor ecológico criando as bases de uma comunidade integrada e integradora são os princípios orientadores que se pretende seguir. A estratégia a seguir assenta em três eixos: a proteção dos oceanos, a ecologia do espaço construído, criação de oportunidades para as pessoas e uma vivência ímpar”, defende o consórcio.

“A água é um dos mais importantes recursos do planeta. A Comporta terá uma equipa dedicada à gestão inteligente deste recurso e à promoção da economia do mar. Alguns dos objetivos nas iniciativas relacionadas com este eixo passam por minimizar o consumo de água potável, preservar as zonas costeiras e promover a economia do mar”, diz fonte do consórcio que acabou sozinho na corrida.

O consórcio Amorim Luxury/Vanguard prevê a criação de “uma área livre de plásticos”.

O consórcio de Paula Amorim e de Claude Berda promete ainda “preservar o espírito da Comporta”, ou seja, não construir edifícios de grande dimensão e de elevada altitude, apostar na reciclagem, e promover a integração com a economia da região. Este projecto que o Grupo Amorim Luxury/Vanguard vem contrariar a ideia que persiste em alguns locais de que a Comporta se possa transformar num JNCQUOI” (referência ao luxuoso restaurante do Grupo Amorim na Avenida da Liberdade).

O projecto que o consórcio Amorim/Vanguard é composto por uma “adequada estrutura de hotéis, vilas e condomínios”. Mas, de acordo com fontes do consórcio, está previsto “promover o valor ecológico do espaço, criando as bases de uma comunidade integrada e integradora. Pelo que o projeto apoiará um vasto número de iniciativas de apoio às comunidades, centros de arte, cultura e design, e wellness center de marca premiada, para atividades de relaxamento e detox”.

O projecto de Paula Amorim e Claude Berda integra ainda, complexos com academias desportivas, nomeadamente golfe, ténis e padel  e ainda “um comércio e restauração com elevada autenticidade e qualidade”, diz o consórcio.  “A sustentabilidade é o pilar que agrega todo o projecto”, defende o consórcio da Vanguard no seu projecto ambiental e de sustentabilidade para aqueles ativos da Herdade da Comporta. “Em destaque o projeto de um museu e uma igreja desenhados por conceituado arquitecto”, acrescenta.

O consórcio promete “promover o valor ecológico criando as bases de uma comunidade integrada e integradora”.

A proposta do Grupo Amorim e do francês Claude Berda passa por “elevar o empreendimento ao seu expoente máximo, através do reforço da sua imagem de marca e desenvolvimento dos projetos Comporta Links e Comporta Dunes”.  “As infraestruturas a desenvolver pelo consórcio irão oferecer, aos residentes e convidados, autenticidade, conforto, segurança e serviços da mais alta qualidade”, garante o consórcio.

Nesta altura há associações ambientais a pedir à Caixa Geral de Depósitos – um dos maiores credores da Herdade da Comporta – que “execute os créditos que detém, sobre o fundo Gesfimo (…) para garantir que o desenvolvimento daquela zona sensível se faça em condições que garantam a defesa do interesse público” e “reiteram que o critério de venda deve ponderar a possibilidade de utilizar a área em causa para projetos que favoreçam uma ocupação mais sustentável do território”.comporta

Recorde-se que o que está à venda na Herdade da Comporta são os ativos do Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado (FEIIF), criado em 2013, que eram detidos pelo Grupo Espírito Santo (GES). O Fundo, gerido pela Gesfimo — Espírito Santo Irmãos, Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, é detido na maioria pela Rioforte (59%), sociedade do antigo GES, tendo o Novo Banco uma participação de cerca de 15%.

O Fundo foi criado há cerca de cinco anos, com o objetivo de arrancar com dois projetos turísticos — Comporta Links e Comporta Dunes. São estes os ativos imobiliários que estão à venda.

O Comporta Links inclui uma área com 365 hectares, no concelho de Alcácer do Sal, onde iriam ser construídos dois hotéis, dois aparthotéis, lotes para moradias, várias unidades de aldeamento turístico e um campo de golfe com 18 buracos.

Por sua vez, o Comporta Dunes, em Grândola, visava incluir, numa área de 551 hectares de pinhal e perto da praia: quatro hotéis (um em fase de construção – o Hotel Aman, que parou com a falência do GES), um aparthotel, vários lotes para moradias, unidades turísticas e um campo de golfe (de 18 buracos) com 100 hectares desenhado por David McLay Kidd, um dos mais conceituados arquitetos do mundo (já em fase de construção).

Por último, o “pacote” inclui ainda alguns “lotes de terrenos não edificáveis, rurais e de floresta”, inseridos no Comporta Dunes, numa área de 460 hectares, somados a uma participação de 50% no capital social e direitos de voto da sociedade DCR&HDC Developments — Atividades Imobiliárias, sociedade detida pelo fundo da Comporta que desenvolve atividade imobiliária.

 

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