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Ana Gomes diz que “opacidade” nos vistos gold é “muito útil para proteger cleptocratas, corruptos, branqueadores e outros criminosos”

A antiga eurodeputada critica o que considera ser a falta de transparência deste regime ao não se conhecer publicamente quem já teve direito a este regime. Em sete anos, foram atribuídos oito mil vistos gold, que atraíram 4,9 mil milhões de euros de investimento.
Cristina Bernardo
28 Dezembro 2019, 16h05

Ana Gomes veio a público criticar o regime de vistos gold. A antiga eurodeputada considera que este regime em Portugal é pouco transparente pois não se conhece publicamente quem tem direito a Autorizações de Residência para Atividade de Investimento (ARI), ao contrário do que acontece noutro estado-membro da União Europeia, Malta.

“Em Malta, ao menos, publica-se os nomes dos compradores de Passaportes Gold (modalidade de Golden Visas”, começou por escrever a socialista nas redes sociais.

“Em Portugal, a opacidade é total nos Vistos Gold: muito útil para proteger cleptocratas, corruptos, branqueadores e outros criminosos… a pretexto da proteção de dados”, acrescentou.

O regime de vistos gold em Portugal está há algum tempo na mira da ex-eurodeputada.  Em março deste ano, chegou mesmo a dizer que este regime é “gravíssimo para a segurança dos portugueses”.

“Esta é uma das questões que, sem dúvida, não largarei porque acho que isto é gravíssimo para a segurança coletiva da União Europeia [UE] e gravíssimo para a segurança de todos os portugueses, para além de se estar a facilitar todos os esquemas de corrupção, de branqueamento de capitais e até de financiamento do terrorismo que, do meu ponto de vista, são intoleráveis e incompatíveis com a lei europeia”, afirmou, citada pela Lusa, já na reta final do seu mandato no Parlamento Europeu.

O programa ARI foi lançado em 2012 e no espaço de sete anos foram atribuídos quase 7.500 vistos dourados através da compra de imóveis. Já por requisito da transferência de capital foram concedidos 445 vistos, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, noticiados pela Agência Lusa em outubro.

Por nacionalidades, os cidadãos da China lideram a lista de atribuição de vistos (4.396), seguidos do Brasil (829), Turquia (366), África do Sul (314) e Rússia (283).

O investimento acumulado entre 2o12 e setembro deste ano atingiu quase 4,9 mil milhões de euros, com a aquisição de imóveis a atingir os 4,3 mil milhões.

 

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