A diplomata e ex-eurodeputada do Partido Socialista (PS) Ana Gomes formalizou esta quinta-feira a sua candidatura à Presidência da República, em nome do “socialismo democrático”. Ana Gomes explicou que esperou “durante meses” que o PS avançasse com um candidato ao mais alto cargo do Estado e que, tendo em conta a demora, decidiu avançar pela defesa da democracia e contra os “interesses instalados”.
“Durante meses e meses, esperei que o meu partido apresentasse um candidato saído das suas fileiras ou da sua área política. Sempre defendi essa ideia. Não compreendo nem aceito a desvalorização de um ato tão significante como a eleição para a Presidência da República”, afirmou Ana Gomes, na apresentação da sua candidatura à Presidência da República, na Casa da Imprensa, em Lisboa.
Para Ana Gomes, não tem sentido que o secretário-geral do PS, António Costa, decida apoiar o atual Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, tal como deu a entender numa visita à Autoeuropa. “Como pode o socialismo democrático não participar nesta eleição? Ainda para mais, quando vivemos tempos estranhos, de grave crise económica desencadeada por uma crise económica desencadeada pela crise sanitária de impacto global?”, questionou.
“Sabemos que forças antidemocráticas espreitam, oportunisticamente, por desígnios autoritários que só podem trazer repressão e violência, como a história ensina. Não podemos ignorar também que uma parte do sistema vertido nas próprias instituições da República se deixou corroer e capturar por interesses financeiros e económicos e outros, que não representam nem servem o interesse público”, alertou a candidata.
A antiga eurodeputada socialista sublinhou que se junta à corrida ao Palácio de Belém, em defesa da liberdade e democracia, “contra as desigualdades e desumanidade de descartar os mais velhos e a tacanhez de não facultar oportunidades aos jovens”. A luta contra a lentidão da Justiça, a iniquidade fiscal, a corrupção e a “frouxidão no combate ao crime económico e financeiro” são outras das bandeiras da sua candidatura.
Ana Gomes referiu ainda que, “depois de um período de reflexão”, decidiu que não deve nem pode “desertar deste combate pela democracia”: “Represento o campo do socialismo democrático, progressista. Tenho uma história de empenhamento político, cívico e pessoal nos planos nacional, europeu e internacional. Tenho abertura e capacidade para dialogar. Quer ouvir todos os quadrantes democráticos e sempre cuidei e quero cuidar deste país”.
“Candidato-me porque acredito que Portugal precisa de uma Presidência diferente, de uma Presidente que dê garantias de independência, que sirva o interesse nacional e não tenha medo de ir contra interesses instalados. Que trabalhe por um Portugal mais influente na Europa e no mundo”, explicou.
Caso seja eleita, Ana Gomes compromete-se a colaborar com o Governo, “seja de que partido for”, “sem se deixar condicionar ou ser refém de agendas partidárias”. “Uma Presidente livre de cumplicidades e comprometimentos, que se empenhe para que as instituições da República funcionem de forma adequada, com mais eficácia, transparência e mais solidariamente”, garantiu, prometendo trabalhar por um país “mais justo, mais desenvolvido e acolhedor para todos e todas”.
Ana Gomes disse ainda aos jornalistas que conta com o apoio de vários dirigente atuais do PS, que não concordam com o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa, e garantiu que a sua candidatura será “aberta a todos os militantes” . “Aceito todos os apoios pela democracia, não aceito compromissos nem comprometimentos que a possam pôr em causa”, referiu.
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