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André Ventura anuncia que vai apresentar demissão do Chega e recandidatar-se contra militantes “sem escrúpulos”

Líder e deputado único do partido disse que abdicará do mandato se os “inimigos externos” o vencerem em eleições internas que deverão ser realizadas no final do verão.
4 Abril 2020, 20h38

O líder e deputado único do Chega, André Ventura, anunciou, através de uma mensagem de vídeo enviada neste sábado para os militantes do partido, que vai apresentar a demissão da presidência da direção nacional, desafiando os “inimigos internos” a candidatarem-se contra si. “Faço-o porque estou farto daqueles que sistematicamente boicotam o trabalho da direção nacional e que sistematicamente se empenham mais em atacar o partido, em divulgar mensagens privadas, do que em ajudar o Chega a crescer”, explicou.

André Ventura garantiu que se vai recandidatar à presidência da direção nacional, acrescentando que abdicará do mandato para o qual foi eleito na Assembleia da República se for derrotado nas eleições internas que deverão ser convocadas para o final do verão. “Não estou agarrado ao poder”, diz o líder do Chega, ressalvando que não pretende desistir “sem luta”. “A nossa luta é demasiado importante para que as centenas ou talvez milhares de pessoas que chegaram ao partido enviesadas e viciadas pelo sistema queiram ou possam destruir”, afirmou, numa referência a militantes recém-chegados, alguns dos quais provenientes de outros partidos.

“O Chega cresceu exponencialmente. Estamos a disputar o terceiro ou quarto lugar na cena política nacional e isso atraiu felizmente uma grande energia da população portuguesa, para nos dar esperança de que é possível derrubar este sistema e fazer algo de novo em Portugal, mas também atraiu o pior que a vida política tem, o pior que o sistema tem. Aqueles que procuram sempre um local ao sol, a todo o custo, sem escrúpulos, sem regras, que estão sempre à espera do momento certo para atacar”, acusou o fundador do partido, apontando o dedo a militantes que “querem fazer do Chega uma espécie de segundo PSD, ou de segundo PS, ou de segundo CDS”.

Garantindo que nunca aceitará “liderar um partido que seja mais um dos partidos do sistema, por muito que isso dê frutos eleitoralmente, por muito que isso nos permita negociatas de poder”, Ventura reafirmou que se absteve na votação do prolongamento do Estado de Emergência – o que levou a que ouvisse muitas críticas internas – por entender que “nada pode permitir pôr detidos na rua”, e contrariou a lógica daqueles que o acusam, e à sua direção nacional, de serem radicais e extremistas. Em seu entender, o Chega deve ser “radicalmente contra o sistema” e “extremista nas medidas, pois já não vamos lá sem soluções fortes par salvar Portugal”.

André Ventura comparou a situação do partido a “dores de crescimento”, prevendo que “sairemos disto muito mais fortes” para os próximos objetivos eleitorais: as eleições para a Assembleia Regional dos Açores, em outubro deste ano, e as presidenciais marcadas para janeiro de 2021, para as quais o próprio fundador do Chega já se apresentou como candidato.

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