[weglot_switcher]

Andy Brown. Quem é o novo CEO da Galp?

“I’m an oil man!”, explicava Daniel Plainview, personagem interpretada por Daniel Day-Lewis em “There will be blood”, épico filme de 2007 sobre os primórdios da exploração de petróleo nos Estados Unidos. A frase poderia perfeitamente ser proferida por Andy Brown, o homem que vai tomar as rédeas da petrolífera portuguesa Galp a 19 de fevereiro.
13 Janeiro 2021, 08h15

O sucessor da Carlos Gomes da Silva na liderança da Galp Energia é um executivo que passou quase a totalidade da carreira inteira no oil. Após concluir a licenciatura em ciências da engenharia na Universidade de Cambridge em 1984, o britânico foi recrutado pela Royal Dutch Shell, gigante na qual passou 35 anos.

De 1984 a 2000, trabalhou na Nova Zelândia, Holanda, Itália, Brunei e Omã em funções de engenharia e gestão de projetos. Em 2000, Brown foi nomeado conselheiro sénior do vice-presidente da Shell para o Médio Oriente e a ex-União Soviética antes de se tornar assistente privado do presidente da empresa em 2001.

No comunicado divulgado esta terça-feira para anunciar a renuncia de Gomes da Silva, a Galp salientou que Brown integrou a Comissão Executiva de Shell em 2012, tendo sido diretor de Upstream International e, a partir de 2016, diretor de Upstream, a divisão de exploração e produção de petróleo.

Em agosto de 2019, na hora da despedida da empresa, Andy Brown escreveu no LinkedIn: “Sete países, 35 anos, 14 casas, foi esta a minha carreira na Shell em números”, num artigo em que destacou a importância de fomentar novos talentos na empresa.

O gestor, que em 2012 recebeu o título honorífico de OBE (Ordem do Império Britânico) em 2012 pelo trabalho em prol das relações entre o Reino Unido e o Qatar, saiu da Shell em 2019, tendo depois assumido funções de vice-presidente na SBM, consultor sénior na Mckinsey e Co., consultor na JMJ e consultor na ZeroAvia, uma empresa startup de hidrogénio/células de combustível para aviação.

Na Galp vai encontrar o desafio de navegar um período complicado, após ano um marcado pelas quedas na ação e também pelos prejuízos causados pela pandemia de Covid-19, com a quebra na procura e descidas abruptas nos preços do petróleo.

Nos últimos 12 meses, as ações da Galp tombaram 38,90%, num período em que o índice nacional PSI 20 recuou 8,83% e o setorial Stoxx Europe 600 Oil & Gas perdeu 19,87%. A Galp registou 23 milhões de euros de prejuízo no terceiro trimestre, valor que contrasta com os 101 milhões de lucros registados em período homólogo, No total dos nove primeiros meses do ano, passou de um lucro de 403 milhões de euros em período homólogo para um prejuízo de 45 milhões.

O encerramento da refinaria de Matosinhos, anunciada pela Galp a 21 de dezembro, é outro desafio que o novo CEO vai herdar, pois a decisão tem sido alvo de contestação vinda de vários quadrantes, nomeadamente os trabalhadores e partidos políticos, pois poderá levar à destruição de 500 postos de trabalho diretos e 1.500 indiretos.

Nessa altura, os analistas explicaram ao JE que o fecho da refinaria, que já não era competitiva, é uma necessidade num mundo de energia eficiente e elogiaram os esforços da empresa no processo de descarbonização, salientando ainda que as ações têm espaço para recuperar.

Em janeiro do ano passado, a Galp anunciou que chegou a acordo com a empresa espanhola de engenharia e construção civil ACS para a compra de projetos de solar fotovoltaico em Espanha, com uma capacidade de geração de energia total de cerca de 2,9 gigawatts. A petrolífera nacional informou que a operação inclui a compra, o desenvolvimento e a construção desses projetos de ‘energia verde’ e tem um valor total de cerca de 2,2 mil milhões de euros até 2023.

Carlos Gomes da Silva explicou na altura que o negócio irá reforçar a posição da Galp como “integrada de energia” e representa que “um avanço significativo no nosso compromisso em apoiar uma transição gradual para uma economia de baixo carbono”.

A transação reflete uma tomada de decisão alinhada com as diretrizes estratégicas e de alocação de capital da empresa, que consideram 10% a 15% de futuros investimentos alocados ao desenvolvimento de um portefólio competitivo de renováveis e novos negócios, adiantou.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.