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Angola: transportes são alavanca para diversificação da economia, destaca Governo

O ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu, salientou a importância do Corredor do Lobito, infraestrutura ferroviária que atravessa Angola ligando o Porto do Lobito à República Democrática do Congo, lembrando que dois terços das reservas minerais mundiais estão nesta reunião
7 Outubro 2024, 07h30

O setor dos transportes em Angola é uma alavanca para a diversificação da economia angolana, defendeu hoje o ministro da tutela, Ricardo Viegas d’Abreu, estimando que seja necessário investir anualmente 1,4% do PIB para colmatar o défice existente.

O governante, que falava em Luanda na abertura de uma conferência sobre os impactos do Corredor do Lobito em Angola e África Subsaariana, considerou que esta é uma “grande oportunidade” para a África austral e outras partes do globo, numa altura em que os países produtores de petróleo ainda se confrontam com os desafios da diversificação económica.

Ricardo Viegas d’Abreu recorreu ao exemplo dos países asiáticos que investiram fortemente nas infraestruturas de transportes e logística, como Singapura, Malásia, Emirado Árabes Unidos, para reforçar a ideia de que o setor das infraestruturas de transportes e logística em Angola serão também “uma alavanca” para outros setores da economia.

Com uma estimativa de investimento na ordem de 1,4% do PIB anual para cobrir o défice de transporte e infraestruturas logísticas (cerca de 1,5 a 1,7 mil milhões de dólares ou 1,366 a 1,5 mil milhões de euros), o ministro realçou que o financiamento não terá de ser totalmente público.

Defendeu que é necessário encontrar caminhos para mobilizar o setor privado, o que o governo tem feito através de concessões público-privadas que “permitem a atração de operadores credenciados com capacidade operacional e de investimento”.

As quatro concessões já concretizadas renderam a Angola mais de 300 milhões de dólares de prémios de concessão e mais de 1.300 milhões de dólares de investimentos ligados às obrigações das concessionárias, adiantou.

Ricardo Viegas d’Abreu salientou a importância do Corredor do Lobito, infraestrutura ferroviária que atravessa Angola ligando o Porto do Lobito à República Democrática do Congo, lembrando que dois terços das reservas minerais mundiais estão nesta reunião e realçando a sua importância para a transição energética e tecnologias de informação.

O responsável disse que a trajetória até à assinatura da concessão não foi fácil e teve de enfrentar as dúvidas dos céticos e contrariar os “grandes interesses” contra os impactos nas atividades económicas.

Abordou ainda a questão dos investimentos e financiamentos internacionais destacando a ligação dos países africanos à China, criticando os modelos que criam desafios aos quadros fiscais e sustentabilidade da divida destes países, que tem também perspetivas de risco negativas.

“Temos de fazer esse derisking [redução de riscos]”, afirmou, acrescentando que na extensão do corredor para a Zâmbia será feita com “outra lógica de financiamento”, envolvendo União Europeia e países como Itália, bem como instituições financeiras internacionais.

“Já não estamos a falar de um projeto de infraestruturas mas de oportunidades de desenvolvimento dos nossos países”, disse o governante, sublinhando que o corredor do Lobito não serve apenas para extração de minerais mas tem valor acrescentado que possa ser desenvolvido, criando empregos e desenvolvimento económico.

Segundo Ricardo Abreu há já agências internacionais posicionadas para a promoção de linhas de crédito ao longo do corredor, direcionadas por exemplo para os setores da energia, agricultura e serviços.

O Corredor do Lobito é o primeiro corredor económico estratégico desenvolvido sob a égide da Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do G7 (PGI).

À margem da Cimeira do G20 de setembro de 2023 em Nova Deli, a União Europeia, os Estados Unidos, os governos dos três países envolvidos e ainda o Banco Africano de Desenvolvimento e a Africa Finance Corporation, na qualidade de promotor do projeto, assinaram um memorando no sentido de unir esforços para apoiar o desenvolvimento do Corredor.

A conferência sobre os impactos do Corredor do Lobito em Angola e África Subsaariana que decorreu hoje em Luanda foi organizada pela Abreu Advogados, FBL Advogados e Lex Africa.

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