Quando se aproxima um novo ano, e com ele um novo período eleitoral, veremos se os protagonistas deste nosso tempo e espaço, destacam os valores que importa ter presentes no caminho a trilhar, se ousam acelerar as reformas que tardam a surtir efeitos em diversas áreas governativas, se contribuem decisivamente para as transformações a consolidar.

A propósito da publicação recente do Industrial R&D Scoreboard 2018, verificamos que apenas quatro empresas portuguesas (EDP, BIAL, CGD e Caixa de Crédito Agrícola) se encontram referenciadas.

Sendo o sector empresarial o principal responsável por tal desempenho, as metas a atingir para Portugal, designadamente as que têm vindo a ser publicamente assumidas, isto é de atingir 3% do PIB em investimento em I&D até 2030, com a contribuição de 2% oriunda do sector privado, justificam uma política pública focada, orientada e baseada na evidência, capaz de sustentar esse crescimento exigente mas indispensável.

Apesar dos sinais de crescimento, visíveis nos resultados do último Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional,  a ambição exigiria uma fórmula inovadora, indo além das estruturas de governance existentes, carregadas do seu daily business e, por isso, dificilmente capazes de enquadrar uma atividade mais disruptiva.

Retornando ao Industrial R&D Scoreboard 2018, é caso para perguntar: porque não aparecem na lista os principais grupos económicos portugueses? Porque é que as empresas portuguesas não investem em I&D como as empresas homólogas de outros países europeus? Qual a agenda de I&D e de Inovação que têm para os próximos anos? Como preveem utilizar os recursos e fundos disponíveis, partilhando o risco e aproveitando as medidas de apoio nacionais e europeias?

Como pode então Portugal ser um país mais desenvolvido, mais inovador, mais competitivo? Como pode então Portugal garantir mais emprego qualificado, gerando oportunidades atrativas?

Hoje, socorrendo-me das telas de Magritte, num céu onde o sol e a lua se encontram, a originalidade, a criatividade e a diferença valem. Todos aqueles que rompem com o “conhecido”, que geram novas soluções, que aceitam outras ideias, que abrem as janelas  do seu pensamento, são indispensáveis à transformação do modelo de sociedade em que vivemos. Não os podem silenciar eternamente. Nem mesmo quando tentam travá-los. E para inovar, precisamos de liberdade.

Valem mais. E é por isso que este debate sobre um compromisso com a Inovação até 2030 continua a ser determinante quando se pensa Portugal e o seu Futuro.