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António Costa pede desculpa e sublinha que apreensão de dinheiro o “envergonha”

O primeiro-ministro demissionário, António Costa, falou hoje aos portugueses afirmando que perante as descobertas desta semana “não posso deixar de partilhar a minha preocupação com a apreensão de envelopes com dinheiro no escritório de uma pessoa, com quem escolhi trabalhar, o que me envergonha, e peço desculpa aos portugueses”.
11 Novembro 2023, 20h11

O primeiro-ministro demissionário, António Costa, falou hoje aos portugueses afirmando que perante as descobertas desta semana “não posso deixar de partilhar a minha preocupação com a apreensão de envelopes com dinheiro no escritório de uma pessoa, com quem escolhi trabalhar, que mais do que me magoar pela confiança traída, me envergonha, e aos portugueses tenho o dever de pedir desculpa”.

“Não confundamos de maneira nenhuma a responsabilidade individual de quem quer que seja, que só à Justiça cabe investigar e punir, se for o caso, com o que é e deve ser o exercício da ação governativa”, disse António Costa.

“Falo hoje para que Portugal não desperdice oportunidades estratégicas para o seu desenvolvimento e sobretudo, para que futuros Governos não percam instrumentos de ação política que são essenciais à atração de investimento, à valorização dos nosso recursos naturais e ao aproveitamento das infraestruturas que o país dispõem”, afirma o primeiro-ministro.

António Costa sublinha três ideias fundamentais, começando pelo dever dos Governos da “atração de investimento empresarial, designadamente de promover investimento estrangeiro”, mostrando-se orgulhoso com o investimento que foi feito durante o seu mandato, e sublinhando que “a todos aqueles que tem depositado confiança para investir em Portugal, quero dizer que é bem vindo e desejado”. A segunda ideia foi sobre “a simplificação de procedimentos que promove a transparência” , e o terceiro, “quase sempre o interesse público na atração de investimento exige a harmonização com outros interesses públicos tão ou mais relevantes, como são a preservação de valores ambientais, o desenvolvimento regional, o bem estar das populações”.

Sobre os negócios que estão sob investigação, António Costa sublinhou que “todos os projetos desenvolvidos em Sines, designadamente o centro de dados, têm sido obrigados a respeitar a zona especial de conservação, bem como os valores ambientais e identificados dentro da própria zona industrial, em Sines”.

“Por outro lado, a intensidade de projetos em curso e pré-anunciados, exige que a rede elétrica nacional realize avultados investimentos no reforço da rede elétrica, para garantir a todos igualdade de oportunidades e maximizarmos o potencial de investimento o Governo lançou um procedimento concorrencial, que permitirá, precisamente, planear com segurança os investimentos que são necessários na rede elétrica nacional e que obrigou, também, à redistribuição de direitos de utilização da rede que já estavam concedidos a privados, mas ainda não utilizados, de forma a aumentar a disponibilidade de rede para os investimentos que estão anunciados”, revelou

O primeiro-ministro deixou claro que todos os membros do Governo, se necessário, vão dar as explicações necessárias e colaborar com a justiça sobre os processos em curso.

Durante o discurso António Costa foi deixando claro o seu pedido para que não se desperdice o investimento, e que este é muito importante para o nosso país. E reforçou a ideia de que “com grande probabilidade não exercerei nunca mais qualquer cargo público”.

Quanto a Mário Centeno, o primeiro-ministro afirma que ” acho que havia a necessidade de encontrar alternativas, que fossem alternativas da dissolução da Assembleia da República”. “Entendi que Mário Centeno preenche três requisitos da maior importância, tem sólida experiência governativa, merece o respeito e a consideração e a admiração da generalidade dos portugueses e em terceiro lugar, tem reconhecimento e credibilidade internacional, e esse é um fator essencial quando esta semana a notícia que o primeiro-ministro de Portugal se demitiu fez primeira página em vários jornais estrangeiros”.

Sobre o ministro João Galamba, António Costa reafirmou que tem conversa marcada com o Presidente da República para terça-feira. Já sobre Vítor Escária, o primeiro-ministro afirmou que lhe “depositava confiança”, no entanto a apreensão de dinheiro “trai a minha confiança e envergonha-me profundamente”.

Quanto a Lacerda Machado, António Costa salienta que “nunca falou comigo deste assunto” e que tudo o que tenha feita neste processo “nunca o fez com a minha autorização, com o meu conhecimento, com a minha interferência e nunca falou comigo sobre este assunto”.

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