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António Guterres alerta que pandemia da Covid-19 poderá potenciar uma crise humanitária

A investigação da ONU informa que os migrantes, refugiados e pessoas deslocadas internamente são particularmente vulneráveis, numa altura em que de 131 países fecharam as suas fronteiras, com apenas 30 permitindo isenções para requerentes de asilo.
Reuters
23 Abril 2020, 11h40

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU) alertou, esta quinta-feira, que a crise do novo coronavírus poderá servir como pretexto para alguns governos adotarem medidas repressivas por razões não relacionadas à pandemia.

No dia em que António Guterres divulgou um relatório da ONU em que destaca como os direitos humanos devem orientar a resposta e a recuperação da saúde, crise social e económica que atinge o mundo, o secretário-geral da organização sublinhou que a crise sanitária poderá potenciar uma crise de direitos humanos.

“Vemos efeitos desproporcionais em certas comunidades, o aumento do discurso de ódio, a segmentação de grupos vulneráveis e os riscos de respostas de segurança pesadas que prejudicam a resposta à saúde”, explicou Guterres.

https://jornaleconomico.pt/noticias/covid-19-pode-duplicar-fome-no-mundo-amnistia-internacional-pede-a-governos-e-onu-assistencia-de-emergencia-578971

A investigação da ONU informa que os migrantes, refugiados e pessoas deslocadas internamente são particularmente vulneráveis, numa altura em que de 131 países fecharam as suas fronteiras, com apenas 30 permitindo isenções para requerentes de asilo.

“No contexto do crescente etno-nacionalismo, populismo, autoritarismo e uma reação aos direitos humanos em alguns países, a crise pode fornecer um pretexto para a adoção de medidas repressivas para propósitos não relacionados à pandemia”, afirmou. “Isso é inaceitável.”

António Guterres pediu aos governos que sejam transparentes, receptivos e responsáveis e enfatizou que o espaço cívico e a liberdade de imprensa são “críticos”. “A melhor resposta é aquela que responde proporcionalmente a ameaças imediatas enquanto protege os direitos humanos e o Estado de Direito”, vincou.

Com as empresas fechadas e centenas de milhões de pessoas em confinamento obrigatório de modo a evitar a evitar a propagação do vírus, o Fundo Monetário Internacional previu que o mundo sofrerá a maior desaceleração desde a Grande Depressão da década de 1930.

O documento das Nações Unidas alerta ainda que a pandemia está a criar mais dificuldades, dificuldades estas que “se não forem mitigadas, aumentarão a tensão e poderão provocar distúrbios civis”, acrescentando que isso pode desencadear uma resposta de segurança pesada.

“Em tudo o que fazemos, nunca deveremos esquecer: a ameaça é o vírus, não as pessoas”, disse Guterres.

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