[weglot_switcher]

António Horta Osório defende uma política de imigração inteligente para aumentar o PIB

António Horta Osório destacou o problema da demografia e do envelhecimento da sociedade portuguesa e defendeu a imigração harmoniosa com base nas competências que o país precisa, e não meramente por critérios financeiros. “É preciso fazer o que países como Singapura, Canadá, Austrália, Irlanda, Nova Zelândia fizeram que aumentou a população do país e o PIB em consequência”.
  • Horta Osório
20 Novembro 2020, 13h06

Além da redução do imperativo de descer dívida portuguesa, António Horta Osório alertou para o envelhecimento da população portuguesa,  na conferência  “A banca pós-Covid”, organizada pelo Dinheiro Vivo e TSF.

“Portugal tem de contrariar urgentemente o enorme problema de envelhecimento do país. A pirâmide etária de portuguesa passa de uma pirâmide – o que devia ser – para um bloco, um retângulo vertical”, disse alertando que “daqui a 30 anos vamos voltar ao nível de população que tínhamos em 1960 e descer a população em mais de 10%, acima do ritmo de descida na Europa (5%)”, defendeu o presidente executivo do Lloyds Banking Group.

Isso é um problema com duas dimensões, realçou o banqueiro, sendo a primeira o facto de “o rácio de dependentes sobre trabalhadores, que neste momento está em 1,5 trabalhadores para cada dependente, passar, no caso português, para mais de um dependente para cada trabalhador”, com impacto na Segurança Social e aumento das cargas de pensões. Em segundo lugar vai fazer com que sejam necessários “muitos mais apoios médicos, com impacto inevitável no Sistema Nacional de Saúde”, alertou. Menos população equivale a menos PIB.

O aumento da natalidade é uma solução importante, mas demorará mais tempo a produzir efeito, pelo que a única solução para travar os efeitos a médio prazo da redução da população ativa em Portugal é a imigração, defendeu.

Mais uma vez voltou a defender a imigração inteligente, menos assente em critérios financeiros (e deu o exemplo dos vistos gold). Horta Osório defende uma política de imigração mais baseada nas competências que o país precisa para se desenvolver de forma harmoniosa, para colmatar gaps que tenhamos e tendo em consideração a facilidade de integração social, nos seus vários aspectos “a questão cultural, a questão religiosa, a questão de afinidades de língua para que a inserção na sociedade portuguesa seja feita de forma harmoniosa”.

“É preciso fazer o que países como Singapura, Canadá, Austrália, Irlanda, Nova Zelândia fizeram que aumentou a população do país e o PIB em consequência”.

António Horta Osório defendeu ainda o estímulo ao regresso dos jovens quadros que emigraram pós-2008.

O saldo líquido entre emigrantes e imigrantes tem sido sempre negativo, “entre 2011 e 2016 perdemos cerca de 150 mil pessoas, alertou o CEO do Lloyds que salientou que “a partir de 2017 recuperámos 60 mil pessoas das 150 mil que perdemos”.

A baixa produtividade foi apontada como uma fragilidade da economia portuguesa pelo CEO do Lloyds. “É preciso criar riqueza”, disse acrescentando que “podemos repartir o bolo da maneira que quisermos, mas o primeiro objetivo devia ser aumentar o tamanho do bolo”. Como? A única forma de o fazer é “ter políticas corretas, que aumentem a riqueza geral do país, para que isso possa traduzir-se em salários maiores para cada pessoa”. Segue-se depois a distribuição dessa riqueza “de maneira justa e equilibrada”.

“Portugal é uma pequena economia muito aberta em que o peso das exportações no PIB é enorme, temos de sincronizar as políticas orçamentais com o que se passa no mundo, é difícil ir em contraciclo, quando muito da nossa procura é procura externa”, realçou.

Manter a estrutura produtiva foi uma boa opção política para enfrentar esta crise, disse ainda.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.