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António Saraiva questiona baixa contratualização das linhas de crédito Covid por parte da CGD

A CGD só contratou 8% das linhas. O BCP contratou 42%. Das 43.830 mil candidaturas, apenas uma parte recebeu o dinheiro, disse o presidente da CIP adiantando que nesta altura dos 6,2 mil milhões da linha Covid apenas está contratado 1,316 mil milhões, ou seja, só 20%.
  • Cristina Bernardo
21 Maio 2020, 08h43

O presidente da CIP, António Saraiva, disse, no programa Negócios da Semana da SIC Notícias, que “há bancos que já contratualizaram 42% das linhas protocoladas [garantidas em 80% e 90% pelo Estado] e outros, nomeadamente o banco público, que só contratou 8%”.

“As empresas que tiverem relações exclusivamente com os bancos que até agora só contratualizaram 8% das linhas estão obviamente prejudicadas”, realçou António Saraiva.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) diz que vai fazer a pergunta ao Governo na próxima reunião da concertação social.

António Saraiva detalhou que o banco que já contratualizou 42% das linhas de crédito Covid- 19 é o Millennium BCP.  O Santander Totta contratualizou 16%, o Novo Banco 13% e a Caixa Geral de Depósitos apenas 8%.

A Confederação Empresarial de Portugal indicou que estão usados “pouco mais de mil milhões de euros dos 6,2 mil milhões de euros [que a linha] ainda tem disponível”, referindo-se ao instrumento de apoio às empresas lançado pelo Governo para combater os impactos da pandemia de covid-19.

O Governo começou por converter a Linha de Crédito Capitalizar 2018 numa linha Covid, que acabou por ter um valor de 400 milhões e que esgotou.

Depois, o Governo lançou as linhas Covid-19. Hoje essas linhas têm uma dotação global de 6,2 mil milhões de euros.

A Linha de Apoio à Economia Covid-19 permite às empresas portuguesas, dos setores mais afetados pelas medidas de caráter extraordinário adotadas para conter a pandemia do novo coronavírus, financiarem em melhores condições de preço e de prazo, as suas necessidades de tesouraria.

Das 43.830 mil candidaturas, apenas uma parte recebeu o dinheiro, disse António Saraiva que adiantou que nesta altura dos 6,2 mil milhões da linha Covid apenas está contratado 1,316 mil milhões, ou seja, só 20%.

“As empresas precisam, mas o apoio não chega”, diz o presidente da CIP no programa da SIC.

As linhas são garantidas a 80% a 90% pelo Estado. O Estado prestou garantias de 5.000 milhões através das Sociedades de Garantia Mútua.

Os bancos convidaram as empresas de melhor risco para concorrerem às linhas e as que precisavam mais concorreram depois, disse João Vieira Lopes, Presidente da Confederação do Comércio e Serviços, que também participou no programa.

A banca está com aversão ao risco, disse António Saraiva que explicou ainda a complexidade do processo burocrático.

As linhas protocoladas demoram a chegar às empresas, disse o presidente da CIP. “Desde logo a candidatura é muito burocrática”. O processo de candidatura tem 100 páginas e são exigidos 17 procedimentos, o que afasta da linha da frente as microempresas.

“Cada candidatura tem 100 páginas, tem 17 procedimentos, dos quais 13 são redundantes, porque o Estado já tem essa informação. As micro e pequenas empresas, que são a generalidade deste país, quando confrontadas com esta burocracia, sentem-se aflitas. Isto perante uma situação em que lhe fecharam as empresas”. Estas medidas servem para garantir os seus postos de trabalho que é o grande objectivo quer do lay-off quer das linhas.

Algumas empresas estão equacionar se vale a pena contrair dívida em cima de dívida, perante uma situação de incógnita perante o futuro, disse ainda.

Por sua vez o presidente da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME) que também participou no debate, falou da complexidade da legislação, “já vai em perto de 200 decretos-lei nestes dois meses”. Jorge Pisco salientou que todas as medidas implementadas pelo Governo têm uma medida travão que deixa de fora centenas de empresas.

Sobre o lay-off simplificado que o Governo estimou que custaria 1.000 milhões de euros por mês, Saraiva disse que até agora não chegou a 300 milhões.

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