“Não foi um grande ano para a EDPR”. A frase de Miguel Stilwell d’Andrade resumiu os resultados da companhia em 2024, tendo registado prejuízos acima de 550 milhões com o registo de imparidades relativas à Colômbia e aos EUA.
Nos Estados Unidos, a companhia suspendeu o seu projeto eólico offshore do consórcio Ocean Winds, o que deverá provocar um atraso de quatro anos.
Mas o CEO garante que este mercado vai continuar a ser importante nos próximos anos para a energética.
“Tem havido muita especulação sobre EUA e renováveis. Independentemente da incerteza política, a procura por energia nos EUA vai registar um bom crescimento ao longo da década”, afirmou hoje na chamada com os analistas destacando também que o país deverá continuar a registar “altas taxas de crescimento” na sua economia nos próximos anos.
“Apesar da incerteza regulatória nos EUA, estamos cautelosamente otimistas”, acrescentou esta quarta-feira, apontando para o “robusto pipeline de projetos em estado avançado”.
O gestor apontou para o aumento anual de 15%-20% no consumo de energia à boleia do sector produtivo e os data centers, considerando que as centrais a gás não vão conseguir dar resposta e que as renováveis conseguem ter preços atrativos.
Miguel Stilwell d’Andrade argumentou que as energias renováveis “trazem valor para os estados republicanos e democráticos”.
Perante os prejuízos, a companhia apresentou um plano para dar a volta por cima: nos próximos dois anos, o ritmo de novas centrais vai recuar para um total de 3,5 gigas, com o Capex a ficar nos 3 mil milhões de euros este ano e abaixo deste valor em 2026.
Em termos de rotação de ativos, o plano é vender mais de 2,5 gigas para encaixar mais de 3 mil milhões de euros em 2025/2026.
A companhia destacou o recorde de nova potência atingido em 2024: 3,8 gigas.
A EDP Renováveis registou prejuízos de 556 milhões de euros em 2024 ao nível do resultado líquido não recorrente, com imparidades registadas na operação offshore nos EUA e pelo cancelamento da operação eólica onshore na Colômbia.
Em termos recorrentes, a companhia viu os lucros afundarem 57% para 221 milhões de euros, com o “desempenho operacional a não ser suficiente para compensar os menores ganhos de rotação de ativos vs. 2023 e maiores resultados financeiros”.
A companhia esclarece que foi impactada negativamente por items não recorrentes na ordem dos 777 milhões de euros relacionado com a “imparidade em offshore nos EUA, bem como pela decisão de não prosseguir com os investimentos restantes necessários para construir os projetos eólicos de 0,5 gigawatts na Colômbia, resultando num impacto total de 590 milhões de euros entre imparidades, provisões para garantias ainda a serem incorridas e impostos”.
Sobre os EUA acrescentou que a imparidade foi de 133 milhões de euros ao nível da EDPR devendo-se a uma “decisão preventiva da Ocean Winds”, o consórcio com a Engie, “nos negócios offshore nos EUA devido à incerteza em torno dos projetos offshore nos EUA após as ordens executivas presidenciais emitidas em 20 de janeiro”.
A companhia avançou que as receitas aumentaram 4% para 2.320 milhões com o aumento da produção de eletricidade a ser “parcialmente compensado por preços mais baixos”.
Já o EBITDA não recorrente caiu 16% para mais de 1.500 milhões, com as imparidades e provisões a subirem mais de 60% para mais de 1.500 milhões.
Sobre o dividendo, a companhia vai propor aos seus acionistas a “continuidade do programa de Scrip Dividend com um payout de 40%, o que implica uma proposta de dividendo de € 8 cêntimos por ação”.
A produção da EDPR subiu 6% em 2024 face a 2023, atingindo mais de 36 TWh. A maioria teve origem em energia eólica em terra (85%), com a energia solar fotovoltaica a pesar 15%. Em 2024, a nova potência solar foi responsável por quase 75% da nova capacidade.
A produção da EDP Renováveis (EDPR) nos EUA disparou 17% em 2024, alcançando mais de 18 mil GWh. Os EUA representaram 50% da eletricidade produzida pela EDPR no ano passado, totalizando 36 mil GWh.
Em termos de capacidade instalada, a EDPR conta com 44% da sua potência instalada nos EUA (8,4 gigawatts de 19,3 gigawatts no total), sendo a maioria eólica onshore (mais de 5,9 gigawatts) e solar (2,5 gigawatts).
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