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Inês Sequeira Mendes: Aposta na IA para ganhar eficiência e competitividade

Utilização ganha espaço nas sociedades, que têm consciência de que a tecnologia é obrigatória para serem competitivas.
13 Junho 2025, 11h06

A utilização de Inteligência Artificial (IA) na prática jurídica é uma realidade em quase todos – se não na totalidade – dos grandes escritórios de advogados. Ao Jornal Económico (JE), a managing partner da Abreu Advogados, Inês Sequeira Mendes, fala num “impacto transformador” das ferramentas de IA no setor, que o escritório que lidera desde 2021 tem vindo a implementar “de forma faseada, com responsabilidade e espírito crítico”.

Entre as tarefas rotineiras para as quais os advogados da Abreu contam com a ajuda da IA estão a realização de atividades de revisão documental, projetos com grande volume de dados, apoio à investigação jurídica, tradução de textos e análise de jurisprudência, entre outros.
Também a Sérvulo & Associados adotou “uma política interna de uso de ferramentas de IA, cujo princípio é o de utilização apenas de ferramentas devidamente credenciadas e autorizadas pela sociedade”, revela ao JE Ana Rita Paínho, sócia de Life Sciences, Propriedade Intelectual e TMT da sociedade.

Atualmente, o escritório tem em curso o desenvolvimento interno de várias ferramentas de apoio, uma das quais em parceria com a ByTheLaw, uma solução tecnológica de pesquisa jurídica. Além disso, as equipas têm acesso a “ferramentas de licenciamento “comum” com produtos comercializados no mercado”, acrescenta Ana Rita Paínho.

Para a sócia da Sérvulo, o “foco” deve ser, no início, a pesquisa jurídica e o tratamento de documentos internos. “Há muito trabalho de quase “backoffice jurídico” que hoje não pode, sequer, ser cobrado a clientes a valores de trabalho de advogados”, defende. E neste âmbito, explica, a IA “tem um papel essencial: não como substituto de criação de conteúdo jurídico, mas como ferramenta de simplificação de tarefas associadas à produção desse conteúdo”, analisa Ana Rita Paínho.

Entrando na Cuatrecasas, a estratégia de IA adotada pela sociedade responde por CELIA [Cuatrecasas Expert Legal IA], um projeto interno anunciado em 2023 e desenvolvido com a startup Harvey.

Assinalando a inovação como uma das prioridades estratégicas da Cuatrecasas, Vasco Bivar de Azevedo, sócio da área de Societário e M&A, abordou, nesse enquadramento, o desenvolvimento do projeto interno e de uma ferramenta de IA generativa. “O escritório pretende estar na charneira da inovação e, portanto, investe muito em inovação, não só em recursos humanos”, sublinha.

Segundo o sócio da Cuatrecasas, o escritório “colocou à disposição dos seus profissionais algumas aplicações de IA, que antes testou em ambiente fechado e seguro”. Os advogados da Cuatrecasas usam, essencialmente, duas ferramentas: o Harvey, especificamente treinada para o setor jurídico, que permite resumir, analisar e rever documentação jurídica, auxiliar na investigação, entre outras valências, somando a uma segunda ferramenta de IAgenerativa alavancada em tecnologia OpenAI, sempre em “ambiente fechado e seguro”, ressalva.

Inês Sequeira Mendes recorda o acordo pioneiro com a Microsoft para a adoção transversal do Copilot para Microsoft 365. Segundo a managing partner da Abreu, a solução está já “plenamente implementada” nas equipas do escritório”.

“Tem permitido que os nossos profissionais libertem tempo para aquilo que verdadeiramente distingue a advocacia: o pensamento crítico, a qualidade técnica, a criatividade jurídica, e a proximidade com o cliente”, analisa, sublinhando que o escritório recorre a várias outras ferramentas de IA.

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