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Aposta no desporto escolar e criação de bolsas pode ser caminho para profissionalizar modalidades

Em entrevista ao JE, Diogo Luís, economista e comentador do programa “Jogo Económico” afirma que o problema com os desportos de alta competição, com exceção para o futebol, é o resultado de um desinvestimento do Estado português que, na sua opinião, “não contempla as condições para garantir o futuro financeiro dos atletas”.
5 Agosto 2021, 18h30

A conquista de quatro medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, pauta-se naquele que é o melhor resultado de sempre de Portugal no mais importante certame do desporto mundial. Ainda que o clima seja de otimismo, com a celebração de quatro subidas ao pódio, voltam à discussão os problemas crónicos das modalidades em Portugal (à exceção do futebol) e a forma como a maioria dos atletas, inclusive aqueles que participaram no evento, vivem de forma precária mesmo estando entre a elite da alta competição.

Entrevistado pelo JE, Diogo Luís, economista, ex-futebolista e comentador do programa “Jogo Económico”, da plataforma multimédia JE TV, garante que não existe uma solução fácil e imediata. “Corremos o risco de todos batermos palmas aos nossos heróis e aos nossos campeões, mas daqui a 10 anos já nos esquecemos deles por completo e deixamo-los por conta própria e desamparados”.

“A pressão que eles têm para si próprios é muito maior do que aquela deveriam ter, porque em termos financeiros não compensa estar na alta competição. Têm de ter um grande amor, uma grande paixão e depois também alguma sorte, no sentido de conseguir resultados, porque se não os conseguirem vai ser difícil em termos financeiros ter uma vida normal não só no presente, mas depois também no futuro”, sublinha o economista.

O comentador afirma que o problema com os desportos de alta competição, com exceção para o futebol, é o resultado de um “desinvestimento” do Estado português que, na sua opinião, “não contempla as condições para garantir o futuro financeiro dos atletas”.

Nesta entrevista ao JE, Diogo Luís afirma que “a solução passaria por apostar mais no desporto escolar e universitário, criação de bolsas e caminhos alternativos nas próprias escolas para que, aqueles que são os melhores no desporto escolar, pudessem caminhar paralelamente no sentido de se poderem vir a desenvolver e, quem sabe, vir a representar Portugal nas grandes competições”.

No entanto, o comentador do “Jogo Económico” sublinha que o Estado não contempla estes problemas e “não se preocupa”: “Vejo muito mais as entidades oficiais a tirarem proveito do momento, com mensagens no Twitter, com receções àqueles que receberam medalhas, mas não se preocupam com aquilo que é a vida dos atletas no presente e no futuro”.

Ainda assim, o economista aproveita para enaltecer o desempenho dos quatro medalhados portugueses, ao destacar que “é o resultado de muito trabalho por parte dos atletas, que têm muita competência, muita qualidade e que se dedicam a 200% ao que fazem.”

“A estas pessoas, que são vencedores, que são heróis, acho que devíamos continuar a dar-lhes um caminho, um estatuto, de forma a que eles até consigam continuar a promover o desporto ou que consigam ser inseridos na sociedade de uma forma natural”, sugere Diogo Luís.

Pichardo venceu o concurso com um salto de 17,98 metros, novo recorde nacional, conquistando a primeira medalha de ouro para Portugal em Tóquio2020, depois da de prata de Patrícia Mamona na prova feminina do triplo salto e das de bronze do judoca Jorge Fonseca (-100 kg) e do canoísta Fernando Pimenta (K1 1.000).

Portugal superou os resultados alcançados em Los Angeles1984 e Atenas2004, edições em que subiu três vezes ao pódio, passando a totalizar 28 medalhas em Jogos Olímpicos (cinco de ouro, nove de prata e 14 de bronze), 12 das quais no atletismo, modalidade que proporcionou também os cinco títulos olímpicos.

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