A Nani Holdings, afiliada da Lone Star Funds, anunciou hoje a assinatura de um Memorando de Entendimento para a venda do Novobanco, o quarto maior banco português, ao BPCE, uma instituição bancária europeia líder, por uma contrapartida em dinheiro a pagar no fecho da transação, que avalia 100% do capital social em cerca de 6,4 mil milhões de euros no final de 2025. Esta é a confirmação de uma notícia que faz hoje manchete nos jornais.
“A aquisição, com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2026, representa um significativo voto de confiança no setor bancário português e no futuro económico do país”, refere a Lone Star em comunicado.
Nicolas Naimas, CEO do BPCE, em conferência de imprensa para anunciar a operação disse que serão um investidor de longo prazo no Novobanco.
“Não está na agenda mudar a marca Novobanco”, disse o CEO do BPCE. Nicolas Naimas tenciona manter Mark Bourke como CEO. “Isto não é uma fusão, é um investimento no Novobanco”.
O CEO do BPCE explicou que assinou um memorando de entendimento com a Lone Star para 75%, mas o objetivo é comprar 100% e para isso vai hoje falar com o Ministério das Finanças (DGTF tem 11,46%) e com o Fundo de Resolução (13,54%).
Estado e Fundo de Resolução encaixam 1,6 mil milhões
O Estado vai encaixar 733,4 milhões de euros e o Fundo de Resolução 866,6 milhões. A Lone Star encaixa 4.800 milhões depois de ter investido 1.000 milhões na aquisição de 75% do Novobanco em 2017.
O BPCE adiantou que está “em conversações com o Governo português e o Fundo de Resolução Bancária com vista à aquisição das suas participações no Novobanco (11,5% e 13,5%, respetivamente), em condições idênticas”.
“Esta transação marca o culminar de uma transformação plurianual do Novobanco desde que a Lone Star adquiriu 75% do banco em 2017. Sob a liderança da Lone Star, em cooperação com outros acionistas, o Novobanco passou por uma completa reestruturação, consolidando-se como um dos bancos mais rentáveis da Europa, com uma meta de retorno sobre o capital próprio (RoTE) superior a 20%”, refere o banco em comunicado.
A aquisição do Novobanco pelo BPCE “reforça a sua total confiança no sistema bancário português e na resiliência da sua economia”, refere em comunicado o grupo francês. Com 73 mil milhões de euros em capitais próprios, um rácio CET1 de 16,2% e mais de 35 milhões de clientes a nível global, “o BPCE traz a força e a estabilidade de um importante grupo bancário cooperativo europeu ao Novobanco”, acrescenta.
“Esta aquisição reflecte o compromisso do BPCE em promover o crescimento a longo prazo e reforçar a sua presença em Portugal através de vários princípios fundamentais como o compromisso com a economia portuguesa”, lê-se no comunicado do banco francês.
“Com um compromisso de longa data com Portugal, o BPCE pretende consolidar a sua base para apoiar ainda mais o crescimento do Novobanco”, destaca.
“Fortes complementaridades”
A Lone Star e o BPCE salientam que há “fortes complementaridades” e que o BPCE “procura impulsionar a expansão do Novobanco, aproveitando a sua extensa base de clientes e a sua diversificada experiência para oferecer uma gama mais ampla de serviços de valor acrescentado”.
“O BPCE apoiará o crescimento do Novobanco, tornando-o numa instituição financeira líder em Portugal, servindo particulares, PME e grandes empresas em todo o país”, assegura o futuro dono do banco português.
A Lone Star destacou que, sob a sua liderança, “o Novobanco transformou-se num dos bancos líderes em Portugal, alcançando um desempenho financeiro consistente e alargando a sua base de clientes através da inovação na banca de retalho e comercial”.
Donald Quintin, CEO da Lone Star, comentou que “estamos orgulhosos por termos apoiado a transformação do Novobanco, tornando-o numa das instituições financeiras líderes e mais rentáveis da Europa. O banco passou por uma
transformação abrangente nos últimos oito anos, tornando-se um parceiro de confiança para famílias e empresas portuguesas em todo o país”.
“O BPCE partilha a nossa ambição para o Novobanco e está bem posicionado para levar o banco para a frente, à medida que continua a prestar serviços aos clientes, às PME e à economia portuguesa no seu conjunto”, acrescentou o CEO do fundo de private equity.
Já o banco liderado por Mark Bourke diz que “reforçou o seu perfil financeiro e investiu de forma significativa na experiência do cliente. Ao longo deste período, o Novobanco reforçou a confiança junto dos seus clientes e consolidou a sua posição de liderança como banco preferencial para as PMEs em Portugal”.
No comunicado, o Novobanco diz que “a decisão do acionista maioritário de avançar com uma venda direta ao BPCE representa uma oportunidade estratégica, posicionando o banco para integrar um dos maiores e mais sólidos grupos financeiros europeus”.
“Ao integrar o Novobanco no Grupo, nomeadamente ao lado das redes bancárias Banque Populaire e Caisse d’Epargne, o BPCE reforçará o seu papel como um importante parceiro de desenvolvimento da economia portuguesa. Através desta transação, o BPCE pretende facilitar o financiamento de empresas e os projetos das famílias nacionais, alargando igualmente a gama de serviços oferecidos aos clientes portugueses. O BPCE irá mobilizar a sua experiência para reforçar a criação de valor em estreita colaboração com o Novobanco”, explica a instituição.
“Ao integrar o BPCE, o Novobanco ganha a força e a dimensão de um dos grupos financeiros mais sólidos da Europa, continuando a desenvolver a seu próprio percurso de sucesso. Esta transação reforça a nossa missão de apoiar as famílias e as empresas portuguesas, aprofunda o nosso compromisso com a economia nacional e assegura um futuro de longo prazo assente na solidez, na confiança e numa ambição conjunta. Este é um grande momento para o Novobanco, e avançamos com confiança renovada e um propósito claro”, diz no comunicado Mark Bourke, CEO.
No comunicado, o CEO do BPCE fala em “quotas de mercado de 9% no segmento de clientes particulares e 14% no segmento de empresas” do Novobanco que “apresenta sólidos fundamentos, um forte potencial de crescimento e um elevado nível de rentabilidade. Sendo uma entidade de referência na banca de proximidade em França, através das redes Banque Populaire e Caisse d’Epargne, o Grupo passará a ser também um operador relevante na banca comercial na Europa com a aquisição do Novobanco, participando ativamente no financiamento da economia portuguesa”, disse Nicolas Namias.
“A gestão e o colaboradores do BPCE estão particularmente entusiasmados com a perspetiva de acolher o Novobanco, a sua equipa de gestão e os seus 4.200 colaboradores no Grupo, para juntos escrevermos um novo capítulo de crescimento, inovação e desempenho na Europa”, refere o CEO do banco francês.
O Novobanco é o 4.º maior banco a operar no mercado português, servindo cerca de 1,7 milhões de clientes, com ativos totais de 42,4 mil milhões de euros e uma quota de mercado de aproximadamente 9% em dezembro de 2024. Enquanto principal banco independente no segmento empresarial em Portugal, o Novobanco serve mais de 70% das grandes empresas e mais de 60% das PMEs, ocupando posições de liderança em produtos-chave como financiamento de médio-prazo, trade finance, leasing e factoring. É o parceiro de referência para empresas que impulsionam as exportações e a inovação em Portugal”.
O BPCE apresenta-se como o segundo maior grupo bancário em França e o quarto maior da zona euro em termos de capital. Com cerca de 100.000 colaboradores, o grupo serve 35 milhões de clientes – particulares, profissionais, empresas, investidores e entidades públicas – em todo o mundo.
O grupo atua nas áreas da banca de retalho e seguros em França através das suas duas principais redes, Banque Populaire e Caisse d’Epargne, bem como através do Banque Palatine e da Oney. Desenvolve ainda a sua atividade a nível internacional através dos serviços de gestão de ativos e património da Natixis Investment Managers e da banca de investimento e financiamento da Natixis Corporate & Investment Banking.
O BPCE emprega atualmente mais de 3.000 colaboradores em Portugal. Desde 2017, a abertura de um centro de competências multi-negócios no Porto veio reforçar os seus laços locais, diz o comunicado.
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