Há muitas dúvidas sobre para que servirá um investimento de 800 mil milhões de euros no setor do armamento: não há ainda um plano claro e, principalmente, centralizado sobre a matéria. E convém não esquecer que a maior parte do esforço de financiamento, 650 mil milhões, está reservada para a contribuição de cada um dos 27 países do bloco, que não terão exatamente as mesmas prioridades. Mas, de um modo geral, os analistas militares – e o major-general Carlos Dias assim o confirmou em declarações ao JE – consideram que a grande lacuna da Europa está no segmento da aviação. O contrário passa-se no capítulo dos tanques de combate e com a artilharia – nomeadamente aquela que pode ser montada em veículos motorizados.
Os tanques de combate europeus mais importantes são os Leopard, de fabrico germânico (desenvolvidos pela Krauss-Maffei e usando um canhão feito pela Rheinmetall) – célebres por terem desencadeado um aceso desentendimento entre a Ucrânia e os seus parceiros europeus há pouco mais de um ano. Importante é também a contribuição dos CAESAR, um camião armado de artilharia de fabrico francês – e que Portugal acaba de encomendar (36 veículos. As indústrias de armamento da Alemanha, da França e da Itália e do Reino Unidos são consideradas, na Europa, as mais importantes.
Nuclear: sim ou não?
Mas a questão em aberto é o nuclear. Se a ideia europeia é construir um poder que sirva de persuasão contra potenciais invasores e se esses invasores potenciais tiverem armas nucleares, a única forma de os manter quietos é a Europa ser também uma potência nuclear. Este é um ensinamento básico da Guerra Fria, segundo o qual a única forma de não precisar de usar uma bomba nuclear é ter uma. É verdade que a Europa tem duas potências nucleares – a França e o Reino Unido – mas o facto de a primeira fazer parte da União e o segundo nem por isso, não há de facilitar entendimentos. Há acordos de defesa entre a UE e o Reino Unido, mas nada indica que o plano Von der Leyen seja aberto a ‘colaborações externas’. A maior empresa europeia do setor da defesa é precisamente britânica, a BAE Systems, que segundo o Instituto Internacional de Estocolmo de Pesquisa para a Paz (SIPRI, no acrónimo em inglês), é o sexta maior fabricante mundial de armamento.
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