Armando Pereira, co-fundador da Altice que é acusado de corrupção no âmbito da Operação Picoas, deixou de ser acionista da Altice em 2005, mas tem direito a 20% dos lucros recebidos por Patrick Drahi, revelou hoje o fundador e accionista maioritário da Altice. É a primeira vez que os contornos exatos da participação de Armando Pereira no grupo Altice são divulgados.
“Tal como muitos outros gestores do grupo, Armando Pereira fez um pequeno investimento na primeira aquisição da Altice, representando menos de 1% do capital, e recebeu os direitos económicos destinados aos investidores em private equity da Altice. Com o passar do tempo, a forma destes direitos económicos evoluiu e desde 2005 que ele não tem uma única ação ou direito em qualquer entidade da Altice, mas mantém simplesmente um direito económico de cerca de 20% do meu próprio interesse económico pessoal”, revelou o fundador da Altice numa conference call com investidores e analistas, esta segunda-feira, no seguimento da apresentação dos resultados do grupo no segundo trimestre.
Drahi esclareceu que a sua holding familiar controla 90% da sociedade que detém 100% do grupo Altice.
Nesta conferência telefónica, Patrick Drahi disse sentir-se “traído” por Armando Pereira e por vários quadros do grupo que são visados na Operação Picoas, que investiga um alegado caso de corrupção que terá lesado Altice e o Estado português em várias centenas de milhões de euros.
Questionado sobre o futuro desse interesse económico que Armando Pereira ainda detém, Drahi respondeu que não pretende comentar, por se tratar de uma questão “pessoal”, mas lembrou que existem regras para que alguém possa ter ou não interesses económicos, nomeadamente nos casos em que exista a prática de crimes.
“O futuro dessa participação é uma questão pessoal e não tem impacto na Altice. Tem impacto apenas em mim. Não quero falar disso agora. Mas se houver alguma irregularidade, os direitos económicos têm regras”, disse o fundador da Altice, dando assim a entender que os mesmos poderão cessar se ficar demonstrado que Armando Pereira cometeu ilegalidades.
Drahi assegurou ainda que Armando Pereira não tem qualquer papel em nenhuma das empresas do grupo.”Ele vive em Portugal de vez em quando e pode ter algum contacto com a gestão, mas não tem qualquer papel na gestão das operações há vários anos”, frisou.
“Depois de ter estado envolvido na reestruturação do negócio na República Dominicana, em 2014, e depois em Portugal em 2015/2026, ele não tem estado envolvido nas operações em nenhuma das subsidiárias da Altice Internacional”, garantiu o principal acionista da Altice na mesma conferência.
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