[weglot_switcher]

As dicas mais importantes para saber gerir as despesas dos filhos em Erasmus

Tentámos perceber, junto de uma especialista, quais são as melhores formas de abordar a poupança e todas as recomendações de como é importante preparar a experiência de Erasmus. 
  • Foto cedida
5 Dezembro 2019, 07h00

O mais difícil de partir de Erasmus na faculdade não são as viagens que se fazem quando se sente falta de casa, mas sim o planeamento do orçamento familiar para os seis meses, que se podem estender, em que o estudante sai de casa e ruma a uma nova experiência.

São planos que podem apertar o dinheiro com que as famílias portuguesas vivem mês após mês. Também a logística pode ser complicada de se interiorizar no início, quando existe toda uma liberdade fora de casa para explorar num país muitas vezes desconhecido.

Para perceber como esta experiência não tem de pesar na carteira, o Jornal Económico falou com Susana Albuquerque, coordenadora de Educação Financeira da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC).

Quais os principais cuidados a ter quando se prepara um orçamento familiar para preparar uma viagem de Erasmus?

Antes de decidir se o estudante vai ingressar no Programa Erasmus deve ter em conta o esforço financeiro que será exigido ao orçamento familiar e se será, de facto, capaz de o suportar. Após reunir toda a informação e simulações está na altura de ponderar a viabilidade financeira do estudante ingressar no Programa Erasmus.

Deve avaliar a estimativa de valor mensal a gastar, tendo em conta todas as despesas agregadas ao viver no estrangeiro. Esta análise deve envolver toda a família.

Após tomada de decisão, um dos principais cuidados a ter é estabelecer um orçamento familiar e respeitá-lo ao longo de todo o processo. É importante que além do dinheiro para os gastos fixos e prioritários durante o período de mobilidade, exista uma almofada financeira para situações de emergência que possam surgir.

É essencial que o estudante tenha um orçamento mensal feito com base em todos estes gastos e que o respeite, pois esta é uma excelente forma de o ensinar a fazer e gerir um orçamento mensal.

Existem sempre despesas fixas. Quais os principais gastos que os pais têm de contar quando o filho pede para ir de Erasmus?

Uma das principais despesas quando um filho ingressa no Programa Erasmus é a renda de um quarto ou apartamento, é para aqui que uma grande fatia do orçamento é direcionada. Além de alojamento existem também as despesas fixas, entre elas água, eletricidade, gás e internet, no entanto, existem habitações que já incluem o valor destas despesas na renda. Em casas partilhadas, estas despesas são divididas e ficam bem mais acessíveis, no entanto, é essencial fazer semelhante estimativa do valor destes gastos.

A viagem de ida e volta para Portugal, seja qual for o local de Erasmus do estudante, deve ser das primeiras despesas a analisar. Assim consegue verificar todas as características da viagem, tais como horários, preços, se é voo direto ou de escala, se está incluído o preço da bagagem no porão ou quantos quilos são permitidos. Caso seja um destino perto de Portugal e apesar de ser uma longa distância, pode compensar fazer a viagem de comboio ou autocarro.

Há ainda que ter em conta as deslocações diárias, caso a localização do alojamento do estudante não permitir que faça o percurso a pé. Em alguns casos, pode ainda ser necessário contabilizar visitas ao país de origem, seja numa data especial ou quando os jovens estão longe de casa pela primeira vez e sentem vontade de visitar a família. É ainda essencial ter alguma margem para as despesas com a universidade, nomeadamente despesas administrativas ou de material escolar, além de ser aconselhável que o estudante tenha um montante confortável na conta para despesas adicionais, sejam viagens ou atividades da comunidade universitária.

Por norma, o Erasmus tem a duração de seis meses. Qual a melhor forma de distribuir a bagagem?

Integrar o Programa Erasmus durante um semestre ou mais não é bem a mesma coisa que ir de férias, pelo que fazer as malas é um momento de ponderação importante sobre o que levar e deixar em casa. Faça a mala em função da estação do ano, local para o qual vai – cidade ou fora da cidade – e daquilo que vai precisar mesmo em termos de roupa e material escolar.

O aconselhável é levar as coisas mais pesadas e volumosas na mala de porão, entre eles roupa, produtos de higiene ou livros, aqui é importante certificar-se dos pesos que cada companhia permite transportar e do tipo de mala pedida. A bagagem de mão deve ser destinada a itens mais leves e produtos que precises de ter à mão, deste modo, levam também uma mala que permite aproveitar algumas viagens no país destino.

Qual a melhor forma de arranjar um apartamento para os estudantes em Erasmus?

A procura por um local digno e seguro para o estudante viver durante o processo de Erasmus pode não ser uma tarefa fácil. Os preços de um apartamento ou até mesmo de um quarto podem tornar-se num desafio para o orçamento familiar. Os valores variam de acordo com a escolha de país, cidade ou até mesmo de bairro, ou seja, se o destino de Erasmus for um país com uma qualidade de vida elevada, é provável que a renda seja também mais alta.

É sempre importante olhar com atenção para a escolha do alojamento e, especialmente, para os sites onde são realizadas as pesquisas, isto para garantir que são fidedignos e evitar situações desagradáveis para o estudante quando chegar ao local, pois têm existido frequentes casos de arrendamento de quartos e apartamentos fantasma, sendo esta fraude apenas detetada quando se chega ao destino.

As residências universitárias ou a partilha de casa com outros estudantes podem ser opções mais baratas no momento de encontrar alojamento, mas o essencial é comparar preços, pois nem sempre é este o caso.

Quais as plataformas mais seguras para arranjar alojamento para estudantes, tanto dentro como fora da Europa?

Damos destaque à plataforma Beroomers, trata-se de um site espanhol, com versão em português, que permite encontrar estadia em várias cidades, especialmente na Europa.

Já o Uniplaces é um site internacional que reúne vários tipos de alojamento para estudantes em mais de 165 países. A plataforma Erasmus permite também fazer pesquisas por alojamento em várias cidades, sendo especializada para estudantes e profissionais que se encontrem em regime de Erasmus, onde constam informações publicadas pelos próprios utilizadores.

Por fim, o site AcademicHomes é especialmente útil para estudantes de Erasmus que pretendem ir para os Estados Unidos da América, Canadá ou Reino Unido. Nesta plataforma é ainda possível fazer candidaturas a empregos nas universidades destes países.

Quais são os critérios económicos que os pais devem ter em conta na escolha do país de destino, uma vez que existem países onde o custo de vida é mais caro?

O país de destino do Erasmus pode estar dependente do interesse pessoal de cada estudante mas também do orçamento familiar disponível, isto porque existem países com um custo de vida mais elevado do que outros. Através de um rápida pesquisa nos motores de busca irá encontrar diversos dados sobre o valor das rendas, assim como o custo de vida em diversos países.

O grupo de países como França, Itália, Reino Unido, Suécia ou Dinamarca são destinos com um elevado custo de vida, o que significa que os estudantes que tenham direito à bolsa Erasmus podem ter que cobrir algumas das despesas durante o período de mobilidade.

Existe ainda um grupo de países com um custo3 de vida médio, entre eles Alemanha, Croácia, Grécia, Holanda e República Checa e outro conjunto de países com um custo de vida mais baixo como, por exemplo, Estónia, Hungria, Malta, Polónia e Roménia. Assim sendo é necessário fazer o balanço entre o valor fixo da bolsa atribuída por cada mês que estejam fora do país de origem e o custo de vida que cada destino exige.

O custo de vida pode ser medido através do preço do aluguer mensal de quarto ou casa, do cálculo do valor médio das despesas no supermercado, das viagens ou deslocações diárias, bem como das contas fixas mensais, nomeadamente luz e água. Há que lembrar também as taxas de câmbio, por exemplo, em países que tem o euro como moeda, as contas ficam mais fáceis de realizar mas em países que não aderiram ao Euro é preciso analisar o preço relativo das moedas.

Que formas existem para o aluno gerir o orçamento através do local onde está a fazer Erasmus?

Os alunos em Erasmus devem também fazer uma boa gestão financeira para respeitar o orçamento familiar disponível para programa. Pode acontecer que nos primeiros tempos, deixem derrapar o orçamento, com saídas com novos amigos, eventos da comunidade universitária, compra de refeições prontas ou de material escolar que podem contribuir para que isso aconteça, no entanto, é importante que depois recuperem o respeito pelo limite mensal de gastos.

Existem formas de poupar durante a viagem que podem ser aplicadas a qualquer destino e estudante. Por exemplo, a experiência e os conhecimentos de outros estudantes que já estudam na universidade podem ser uma mais-valia para o seu filho, que com eles pode aprender os sítios com os melhores preços e produtos, poupando assim algum dinheiro que de outra forma seria gasto por desconhecer o local.

É aconselhável que os estudantes se façam acompanhar do cartão de estudante para usufruírem de descontos e entradas gratuitas nalguns locais – entre eles museus, monumentos e espetáculos.

Que tipos de apoios financeiros existem atualmente para Erasmus?

As bolsas Erasmus + cobrem as despesas suplementares resultantes da mobilidade do seu filho para outro país como, por exemplo, despesas de viagem e estadia. As candidaturas a estas bolsas devem ser feitas com antecedência, visto que, a sua atribuição é feita de forma limitada. Os valores destas bolsas variam conforme a diferença entre o custo de vida no país de origem e o destino de Erasmus, assim como da distância, do número de candidatos ou outras bolsas aplicadas.

Na eventualidade do aluno não ser aprovado para bolsa, pode igualmente frequentar o programa como estudante “bolsa zero”, ou seja, apesar de não receber ajudas de custo, tem todos os requisitos necessários para participar no programa Erasmus. Os estudantes de grupos desfavorecidos ou com comprovadas dificuldades económicas, de regiões ou países do programa ultraperiféricos podem beneficiar de apoios adicionais.

Há ainda que ter atenção que as bolsas e os apoios podem não cobrir totalmente as despesas do programa de mobilidade. Deste modo, é importante orçamentar todas as despesas e deduzir o valor que lhe foi concedido para ter a verdadeira perceção de quanto vai ser o custo mensal. Estes apoios são, de facto, uma grande ajuda no momento de reduzir as despesas inerentes ao programa Erasmus, no entanto, é essencial informar-se junto das universidades relativamente às condições e apoios que possam usufruir.

É necessário realizar um seguro de saúde?

Embora os alunos estejam cobertos pelo seguro escolar, esta é uma proteção muito básica para o seu filho e que não cobre todas as situações de risco a que podem estar sujeitos. É aconselhável a contratação de um seguro privado com todas as abrangências necessárias para uma experiência académica no estrangeiro sem complicações.

Há também certas universidades que requerem que os estudantes internacionais estejam cobertos por um seguro internacional de saúde. Assim, uma cobertura de saúde apropriada assegura que o estudante tenha acesso a um atendimento médico de qualidade no destino de Erasmus a um custo mais acessível.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.