[weglot_switcher]

As eleições e a nova “Madeira Nova”

Assisti, expectante, a novos movimentos político-sociais que pareciam querer alterar a habitual dinâmica partidária por uma preferência de voto mais “pessoal”. Na verdade, verifica-se hoje em dia que está em voga a proclamação dos chavões “voto em pessoas, ideias, não em partidos”, ou “abaixo as maiorias, pois não são boas para a democracia”.
26 Setembro 2019, 07h15

Não querendo maçar os meus 2 únicos leitores com as habituais questões que levanto, sobre ineficácia e falta de bom senso nas leis laborais, procurarei hoje interpretar – dentro da minhas naturais (in)competências – os resultados eleitorais de Setembro de 2019, em especial, na Região Autónoma da Madeira. E faço-o, porque é exactamente em resultado destas eleições (e de outras iguais) que, se perpetuam as leis desadequadas, a burocracia, o despesismo, a corrupção, a falta de “accountability” e, consequentemente, toda a fraca competitividade do nosso país.

Assisti, expectante, a novos movimentos político-sociais que pareciam querer alterar a habitual dinâmica partidária por uma preferência de voto mais “pessoal”. Na verdade, verifica-se hoje em dia que está em voga a proclamação dos chavões “voto em pessoas, ideias, não em partidos”, ou “abaixo as maiorias, pois não são boas para a democracia”.

Independentemente do mérito destas concepções, a verdade é que, por trás da máscara “democrática” destes pregões, esconde-se uma “partidocracia” que continua a gerir os destinos do nosso país com as maleitas que acima identifiquei. Continua a haver a “esquerda” e a “direita”, o “centro” e os extremistas. Mas, pior, verifica-se que há cada vez mais uma mistura de conceitos (propositada para atrair o voto do contribuinte), mascarada de democrática pluralidade de escolha e, legitimada por uma comunicação social subserviente dos poderes instalados, em troca de palco, e espectadores.

Senão, vejamos, na Madeira, (onde resido), vi partidos que ficaram com 50% da sua representatividade parlamentar reduzida – a festejar – pois seriam agora, membros de pleno direito, do Governo Regional. Ou seja, naquele caso, “mais valeu um tacho, do que um deputado”. Outros, preocupados em eliminar o “monstro” da maioria diabolizada, concentraram os seus próprios votos noutro partido, promovendo, sob a infantil capa do “voto útil”, uma autofagia colectiva, que os obliterou da assembleia legislativa nos próximos 4 anos, com sérias possibilidades de fazer esquecer permanentemente os seus projectos ideológico partidários.

Tudo isto, numa região em que a mudança é sempre assimilada lentamente, onde se procura que não haja grandes surpresas, onde a constância, a segurança e a calma são valorizadas, em comparação com a rotura e a novidade.

No entanto, o quadro é agora, diferente. Ao que tudo indica, pela primeira vez, e ao fim de 43 anos de eleições em regime democrático, a Região terá de sobreviver num governo de coligação, onde o interesse da população terá, necessariamente, de se sobrepor à necessidade partidária de promoções, lugares, poderes ou disputas.

A verdade é que todos têm as suas “capelinhas”, mas convém não esquecer que a população da Madeira é a “catedral” onde todas essas capelinhas vão ter de se sentar….

Pelo que, se não houver bom senso e diplomacia, sempre com o superior interesse das populações em conta, poderemos cair numa anarquia governativa com exemplos recentes, (Itália, Espanha, Grécia), que bloqueiam ainda mais o crescimento e o desenvolvimento sustentado do País, e da nossa Região.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.