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As empresárias que tratam o vinho como alguém da família

O Jornal Económico dá a conhecer cinco empresárias que deixam a sua marca numa indústria onde a igualdade de género ainda tem um longo caminho a percorrer. De Leonor Freitas a Rita Nabeiro, passando por Luísa Amorim, estes são apenas alguns nomes que se têm destacado no mundo dos vinhos e que há muito se habituaram a tratar por “tu” o néctar de Baco.
  • Regis Duvignau/Reuters
27 Novembro 2020, 09h35

O negócio dos vinhos em Portugal ainda é predominantemente liderado por homens, embora os vinhos presentes no mercado português tenham nomes ou substantivos femininos. Com poucas mulheres à frente da indústria vinícola em território português, o Jornal Económico (JE) escolheu cinco empresárias com experiência relevante na produção de vinhos e que ainda têm muitas cartas, ou uvas, para dar ao mundo.

Da mais conhecida Leonor Freitas, que gere a Casa Ermelinda Freitas, a Rita Nabeiro da Adega Mayor, passando por Luísa Amorim, estes são apenas alguns nomes que se têm destacado no mundo dos vinhos, sendo que estas empresárias há muito se habituaram a tratar por “tu” o néctar de Baco.

Em matéria da igualdade de género, ainda há um longo caminho a percorrer. O índice “Leading Together”, divulgado este ano em junho, dá conta que, entre as 18 empresas cotadas no índice português PSI-20, em 2019 apenas oito contavam com administradores executivos femininos.  Um valor que representa 10,5% do total [em 76 administradores executivos]. Em 2019, a Comissão Executiva das empresas cotadas contava com seis mulheres.

As cinco empresárias selecionadas pelo JE são um pequeno exemplo de como a sociedade portuguesa se encontra em mudança, deixando entrar cada vez mais empresárias para posições de gestão e de administração, como é o exemplo de Rita Nabeiro, CEO da Adega Mayor do grupo Nabeiro, ou de Olga Martins, CEO da Lavradores de Feitoria, que une 18 quintas de 15 lavradores produtores de vinho.

Leonor Freitas, da Casa Ermelinda Freitas, considera que apesar de ser um setor gerido predominantemente pelo género masculino, se está a verificar uma mudança na direção certa, com a chegada de várias mulheres a esta indústria e à administração destas empresas.

Também Filipa Pato, da Pato e Wouters, afirma ao JE que “ainda é difícil ser mulher num mundo dominado por homens” e que muitos dos produtores continuam a olhar para os seus filhos homens para dar continuidade aos projetos de família, embora a enóloga e viticultora na Bairrada tenha sido, até à data, a única e mais nova mulher portuguesa do setor a receber o prestigiado ‘Óscar do vinho’ pela publicação “Feinschmecker”.

Pandemia pelo caminho
A pandemia de Covid-19 veio colocar várias entraves nos negócios vitivinícolas, fazendo com que as exportações para muitos países ficassem em stand-by prejudicando as contas das produções e adegas. Olga Martins, CEO da duriense Lavradores de Feitoria, confessou ao JE que a pandemia “tem sido absolutamente penalizadora para a área dos vinhos”, com grande foco no segmento premium e super premium, cuja venda depende essencialmente na restauração e hotelaria. Apesar da pandemia afetar severamente as contas das empresas deste setor, que depende fortemente de investimento, as exportações dos vinhos portugueses atingiram um montante de 590 milhões de euros entre janeiro e setembro, revelando um crescimento de 2,43% face ao período homólogo do ano passado, evidenciando um sinal positivo ao setor, segundo os dados do Instituto da Vinha e do Vinho.

Mesmo com o impacto da pandemia, a entidade acredita que “se atinja um valor recorde de exportações de vinho” no mercado português, uma vez que se verifica uma tendência crescente.

O Instituto da Vinha e do Vinho sustenta que o desempenho positivo se deve ao “comportamento dos países terceiros fora do espaço da União Europeia, que estão a ter um crescimento de 21,6%”.

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