[weglot_switcher]

As incertezas globais afetam todas as indústrias e geografias

Podem as incertezas mundiais ser resolvidas com seguros de crédito às exportações? A questão é pertinente e o tema é cada vez mais relevante perante o aumento do risco-país a nível mundial. Vamos conhecer os riscos.
3 Março 2019, 17h00

O risco-país aumenta perante economias que marcam passo, perante incertezas políticas em diversas geografias e perante o tema da disrupção tecnológica. Podem ser oportunidades, mas no imediato são riscos.

Ter um modelo que assegure que um risco está coberto é crucial para manter a estabilidade das empresas e antecipar investimento e decisões estratégicas.

Um estudo recente da seguradora Allianz relativo a 2019 e intitulado “Barómetro de Risco Allianz 2019” elenca os dez riscos que preocupam os empresários portugueses. E o primeiro refere-se à interrupção de negócio, incluindo a interrupção de cadeias de fornecimento. Mas há também o risco de incidentes cibernéticos, que inclui violação de dados, a par da volatilidade do mercado e do aumento da concorrência, e ainda as alterações legislativas, as novas tecnologias e as alterações climáticas. Um recente trabalho divulgado na conferência anual do grupo segurador francês Coface – realizada em Paris – vai ao pormenor de identificar riscos políticos e setores. O “dedo na ferida” foi colocado pelo economista-chefe deste segurador, Julien Marcilly, que afirmou na mesma conferência que para as empresas há dois embates simultâneos, algo que não acontecia desde a crise da dívida soberana de 2011/2012 e que é o abrandamento cíclico e os riscos políticos”. E a Europa é fértil na parte das incertezas políticas. Comecemos pelo mais emblemático, que é o Brexit, e onde hoje todos suspiram de alívio perante a possibilidade de adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia, em 2021. No entanto, é a data de 12 de março a mais relevante com a chefe do governo britânico, Theresa May, a continuar a indicar 29 de março (!) como data de saída. Estamos apenas a quatro semanas do evento e ainda nada aconteceu em termos de acordos. Pelo contrário, o tema tornou-se um verdadeiro risco com empresas multinacionais a desistir de investimento estratégico a longo prazo.

Mas há outros riscos políticos com impacto em toda a Europa, como o tema italiano, que, apesar do acordo entre o governo deste país e a CE, que foi obtido em dezembro, os riscos a que os bancos italianos estão sujeitos continuam excecionalmente elevados. Podemos ver isso no impacto ao nível da dívida pública italiana e nas yields das obrigações soberanas, mas também das obrigações corporativas. Em França, o movimento social que se tornou um movimento político, os chamados “coletes amarelos”,  está longe de estar pacificado.

Mais. A União Europeia registou, em termos médios, cinco anos consecutivos de crescimento acentuado, com a quebra de um terço do nível de desemprego e, ainda assim, o resultado foi claramente insuficiente para impedir o surgimento de partidos de extremos, com destaque para a extrema-direita com visões claramente anti-europeístas. E o impacto destas iniciativas será bem visível nas eleições europeias de maio próximo. Os analistas da Coface afirmam que o resultado pode ser um Parlamento Europeu (PE) fragmentado com um grande número de deputados anti-Europa. Outros analistas acreditam que os partidos do “miolo” do poder poderão definhar para emergirem no PE novas forças políticas e novas famílias ideológicas ligadas aos extremos.

Os analistas da Coface recordam ainda que o PE tem poderes não negligenciáveis, até porque dá o aval ao orçamento da União Europeia. É claro que existe risco de obstrução, mas é pouco provável que os eurocéticos da Europa central e oriental bloqueiem o orçamento no qual os respetivos países são os principais beneficiários. E não nos esqueçamos que a Comissão Europeia terá novos membros em outubro próximo e que o PE Europeu poderá votar uma moção de censura perante o novo figurino político. Embora esta moção de censura obrigue a uma maioria de dois terços dos deputados, não é de excluir o risco.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.