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As jogadas, as coligações e as máscaras

Constato que existe um “nervosismo miudinho”, que tomou conta sobretudo dos “teóricos” e daqueles que esperavam que fizéssemos parte da tripulação de uma nau até ao cabo das tormentas. É melhor, estimados dirigentes e colegas da politiqueira tradicional ou da mais ou menos partidarite neomoderna, mostrarem mais trabalho no terreno e menos texto de têmpera fantasiosa.
26 Outubro 2018, 07h15

Há quem julgue que andamos, constantemente, de jogada em jogada. Mas também há coincidências e há factos perfeitamente naturais e corriqueiros. O que não quererá dizer que também não poderá haver a conjugação de artifícios ou artificialidades.

O caso da saída do JPP do grupo Confiança, no Funchal, é um efeito de uma conjugação de causas, já explicado publicamente. Quando se perde a confiança, perde-se o rumo. Independentemente dos seus autores.

Quando não se sabe o que se procura, dificilmente se entenderá o que encontra.

Na semana passada, vários autores da partidocracia local procuraram ver em dois títulos da imprensa local (o da saída do grupo Confiança, no Funchal, e o do investimento nos Reis Magos em parceria Governo/Câmara) como se de uma suposta coligação se tratasse, visando o JPP/PSD.

O caso da obra dos Reis Magos é fruto, concorde-se ou não com o modelo, de um trabalho autárquico com a entidade governamental, de diálogo, de relações institucionais entre pares.

Agora, ver nessa simbiose uma pretensa coligação de interesses ou uma jogada com o PSD foi, pelo menos para mim, motivo de risada estridente.

Anoto, apenas, esse registo e invoco-o – também porque vem sendo repetido pela nova conclave socialista – para memória futura. Nada de empoeirar o caminho.

Constato que existe um “nervosismo miudinho”, que tomou conta sobretudo dos “teóricos” e daqueles que esperavam que fizéssemos parte da tripulação de uma nau até ao cabo das tormentas. É melhor, estimados dirigentes e colegas da politiqueira tradicional ou da mais ou menos partidarite neomoderna, mostrarem mais trabalho no terreno e menos texto de têmpera fantasiosa.

Normalmente, e no espírito da velha filosofia socrática, podemos sempre invocar que “aquele que aponta a própria mão se dirige diretamente para si”. Os factos mais recentes do “assalto” ao erário público dos subsídios aéreos e parlamentares e da mudança de “trono” no reino bloquista poderão encaixar que nem uma luva na “política de mercearia”.

É sempre preferível, e para conforto da ansiedade temperamental, tomarem mais atenção ao juízo dos cidadãos, do que às manchetes da imprensa escrita.

Erasmo de Roterdão, no século XV, deixou-nos um registo memorável, dos cenários, das “loucuras” e das máscaras: “Toda a vida dos mortais não passa de uma comédia, na qual todos procedem conforme a máscara que usam, todos representam o seu papel, até que o contra-regra os mande sair de cena”.

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