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As vicissitudes do trabalho em Portugal

Quando temos clientes mais exigentes, procuramos contratar aqueles funcionários que nos garantem a mais eficaz prestação de serviço ao Cliente que nos procura. Porque, quando o mercado funciona de forma natural, o Cliente não se importa de pagar, quando é bem servido.
16 Julho 2019, 07h15

Já por diversas vezes me deram a oportunidade de escrever neste espaço e, também por diversas vezes fiz referências – meramente empíricas e totalmente pessoais – sobre características específicas do mercado de trabalho português.

Trabalho numa empresa portuguesa, com gestores portugueses, mas com muitos clientes estrangeiros, que revelam uma exigência e uma velocidade na prestação do serviço acima da média nacional a que estamos habituados. Também sobre esta diferença de nacionalidades na interpretação daquilo que é uma prestação de serviços, já tive a oportunidade de escrever.

No entanto, esta é uma área onde há sempre coisas novas para dizer, e descobrir.

Quando temos clientes mais exigentes, procuramos contratar aqueles funcionários que nos garantem a mais eficaz prestação de serviço ao Cliente que nos procura. Porque, quando o mercado funciona de forma natural, o Cliente não se importa de pagar, quando é bem servido.

E, já diz a velha máxima: “o que é caro, normalmente é bom”.

Assim, no trabalho de recrutamento, procuramos sempre antecipar a integração do colaborador na estrutura, promovendo uma harmonia que suscite uma maior produção, equilibrada com o esforço que exigimos ao trabalhador. Tudo isto, entenda-se, na óptica final de prestar ao Cliente, o melhor serviço possível.

No entanto – e porque o mercado português, em muitas coisas, não funciona de forma natural – nem sempre é possível. Há varias situações que justificam esta ineficácia:

– o trabalhador que, quando passa a efectivo, se sente demasiado confortável e deixa de ter o empenho que tinha até esse momento, pois sabe que não tem o seu lugar em risco como até essa altura tinha;

– Os inúmeros benefícios e direitos laborais que, sem serem postos em causa, fazem com que se trabalhe 11 meses e se receba 14, com evidente prejuízo dos Clientes, dos restantes colaboradores e em ultima instância, dos próprios donos do negócio (relembre-se este aspecto fundamental, que assenta num pressuposto básico: sem patrões não há empregos);

– A interpretação demasiado “socialista” da relação laboral, em que certos trabalhadores acabam por ter mais “direitos” do que obrigações, invertendo o móbil das empresas e dos serviços que prestam aos seus Clientes, subvertendo os objectivos de uma economia de mercado.

Assim, o “recado” é o mesmo de sempre, mas dito de outra forma: adaptem as leis laborais, permitam uma maior flexibilidade, quer do lado do patronato, quer do lado dos trabalhadores, que iremos necessariamente melhorar a prestação dos serviços, ser mais competitivos, atrair mais investimento, e, consequentemente, criar mais empregos. Deixemos de lado as concepções generalistas e igualitárias, que apenas nivelam por baixo e diminuem a performance do nosso País.

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