O primeiro contacto da WikiLeaks que recebeu para integrar a equipa foi a 14 de novembro de 2010. Quase quinze anos depois, as redes sociais já não são um instrumento de libertação e liberdade, mas de controlo e até de falsificação dos factos. É uma visão pessimista?
Eu diria que é uma visão realista. O problema principal é que houve uma enorme mudança económica em como a internet e em especial essas plataformas operam desde 2010. Quem estuda o tema costuma chamar de plataformização – a internet deixou de ser um terreno de livre troca para ser um terreno dominado por uma quantidade pequena de grandes plataformas tecnológicas, que são os principais produtos de cinco empresas que dominam as comunicações digitais: Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft – podemos também incluir a Byte Dance, dona do TikTok, e o Twitter/X.
Temos de lembrar que houve dois movimentos que são relevantes neste controlo: a abertura de capital de empresas como Twitter, Google e Facebook, e as práticas anticompetitivas que essas empresas assumiram para controlar o mercado da internet – a cada onze dias, as Big Tech compraram uma empresa, em média, segundo levantamento de um instituto holandês chamado Somo.
As redes sociais não se tornaram o que são hoje por acaso, mas por [causa de] uma estratégia de concentração de mercado e da política de deixá-las agir sem regulação, [o] que trouxe consequências nefastas para a sociedade. Importante lembrarmos que sempre somos frutos de processos históricos. Então, enquanto Julian Assange, que defendia um modelo libertador e até revolucionário de uso da internet que empoderaria os usuários, foi preso por mais de uma década, os fundadores dessas redes sociais foram sendo aplaudidos, mesmo que suas ferramentas causassem desinformação, violência e ajudassem a causar golpes de Estado e genocídios.
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