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Assassínio de Olof Palme pode ficar resolvido este ano

“Acreditamos ter uma ideia bastante clara do que aconteceu”, diz o Ministério Público sueco, encarregado de investigar a morte do primeiro-ministro, sucedida em 1986. Era um dos amigos ‘internacionais’ de Mário Soares.
20 Fevereiro 2020, 08h13

Foi há mais de 30 anos: em 28 de fevereiro de 1986 e depois de sair do cinema com a sua mulher, o então primeiro-ministro social-democrata sueco, Olof Palme, foi morto a tiro no centro da cidade de Estocolmo. O agressor fugiu da cena do crime com a arma e nunca foi, pelo menos até agora, apanhado.

O país ficou em estado de choque e a Europa também: Palme era uma referência da social-democracia nórdica e do socialismo ‘de rosto humano’ (como era costume dizer-se na altura em contra ponto ao socialismo de raiz comunista). O assassinato gerou inúmeras teorias da conspiração, dezenas de livros que tinham encontrado a explicação para tudo e certezas absolutas vindas de partes pouco prováveis, mas a verdade é que, 34 anos depois, ainda nada de oficial saiu do Ministério Público sueco.

Até agora: o promotor Krister Petersson, responsável pela investigação desde que foi reaberta em 2016, anunciou que espera esclarecer o que aconteceu naquela fatídica noite em Estocolmo ainda antes do verão.

“Estou convencido de que podemos mostrar o que aconteceu em 28 de fevereiro de 1986 e quem foi o responsável”, disse Petersson ao  programa de televisão sueco Crime Week. O promotor esclareceu que também existe a possibilidade de que a investigação seja encerrada sem que alguém seja levado a julgamento, o que aconteceria de certeza se o autor já morreu.

“Estamos a trabalhar numa linha de pesquisa muito interessante e o meu objetivo é que, durante o primeiro semestre de 2020, possamos encontrar uma solução, disse. “Acreditamos ter uma ideia clara do que aconteceu”, depois de “durante estes dois anos, termos analisado todo o material que havia. Chegámos a algumas conclusões e temos as nossas próprias investigações preliminares e novos interrogatórios”,  disse Petersson, que por estes dias se tem multiplicado em declarações aos media do país. “Parece-me importante que os membros da família possam encerrar este episódio e que os suecos tenham a oportunidade de fechar um ferimento que ainda está aberto”.

Olof Palme, um político carismático, foi o primeiro-ministro da Suécia entre 1969 e 1976 e novamente entre 1982 e 1986. Defensor dos direitos humanos, era profundamente anti-colonialista e, por isso, muito crítico das intervenção dos Estados Unidos na América do Sul. Denunciou o apartheid na África do Sul, a invasão soviética da Hungria em 1956, a da Checoslováquia em 1968 e a do Afeganistão em 1978.

Alguns suecos acreditavam que Palme era um espião da KGB, o que, após o seu assassinato, motivou as mais diversas especulações sobre a intromissão da polícia secreta soviética na questão. Separatistas curdos, os serviços de segurança da África do Sul e a polícia secreta da antiga Jugoslávia, além de um grupo de extrema-direita sueco, foram sucessivamente (ou ao mesmo tempo) dados como os autores do crime.

Em Portugal, Palme tinha em Mário Soares um confesso admirador. O ‘pai’ (um deles) da democracia portuguesa esteve na Suécia em visita oficial e não deixou de visitar o túmulo do social-democrata. Muito antes disso, numa outra visita à Suécia, Mário Soares foi convidado por Olof Palme para um almoço em Estocolmo e uma ida à sauna.

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