A Associação Mutualista Montepio é a maior e provavelmente a mais antiga associação mutualista de Portugal. Fundada em 1840, como lembra sempre de forma orgulhosa, esta Associação Mutualista foi pioneira no tipo de apoios que introduziu na sociedade portuguesa, nomeadamente no âmbito das soluções de poupança e de proteção social. Atualmente com mais de 600 mil associados, para o bem ou para o mal, a sua relevância na sociedade portuguesa é incontornável.

Ora, a designação Montepio tem sido presença assídua e recorrente na nossa comunicação social. Acontece que muitos portugueses, não tendo o dever de estar informados com maior detalhe, fruto da similitude de nome entre o Banco e a Associação Mutualista, julgam ser uma única entidade, quando, na verdade, são duas realidades distintas.

O Banco Montepio é um ativo estratégico para a Associação Mutualista Montepio, não só porque é o acionista maioritário, mas também porque os associados são também eles próprios clientes do banco. Acresce que, pela sua relevância, a Associação Mutualista Montepio e o Banco Montepio são instituições de interesse para os portugueses, em geral. Por estas e por outras razões, o bem-estar, a solvabilidade e as perspetivas de desenvolvimento futuro da Associação Mutualista interessam a todos os portugueses e não apenas aos que nelas estão diretamente envolvidos.

Face ao exposto de forma sucinta, a discussão na praça pública, claramente a destempo, de temas organizacionais e de questões estratégicas da esfera da Associação Mutualista é algo que apenas interessa a um punhado de aventureiros e aos inimigos de uma sociedade civil robusta. Naturalmente, há quem queira apalpar terreno e contar possíveis espingardas em batalhas futuras, mas não é esse o interesse comum e, digo-o sem hesitação, o interesse nacional.

Não me interpretem mal. A discussão de projetos e de propostas alternativas é um elemento central dos processos democráticos, do debate que lhe está associado e do progresso das sociedades. Acresce que a liberdade de expressão e os atos eleitorais são cruciais nas democracias modernas.

Tudo tem, no entanto, um tempo e um modo próprios. Fora dos calendários eleitorais percebe-se mal que haja quem o queira fazer, dado o grau de aventureirismo e os riscos inerentes de potencial desestabilização.

Por tudo isto, só posso concluir e afirmar que estou convicto que os associados da Associação Mutualista e os trabalhadores do Banco Montepio não deixarão de estar atentos e de penalizar aqueles que, numa lógica fora do tempo próprio e do interesse de longo prazo, não olham a meios para alcançar os seus fins particulares.

Nesta altura, recato e contenção é o que se exige. Quem não o perceba dificilmente está habilitado para dirigir o futuro da Associação Mutualista.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.