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Associações ambientalistas pedem que presidência portuguesa do Conselho Europeu priorize 10 objetivos verdes

A confederação europeia das organizações não-governamentais de ambiente urge que o mandado português não só tenha em cima da mesa a recuperação económica como também as metas do Pacto Ecológico Europeu.
  • Photo by Sajjad HUSSAIN / AFP
29 Dezembro 2020, 18h15

Portugal assume a presidência do Conselho Europeu da União Europeia em janeiro, tendo no topo da agenda a saída da crise causada pela pandemia da Covid-19.

Além, da tão aguardada recuperação económica, o mandato português ficará marcado pela execução do Pacto Ecológico Europeu, um enorme desafio, mas que, segundo as associações ambientalistas portuguesas, é também, ao mesmo tempo, uma fonte de esperança na construção de uma União Europeia mais centrada no bem-estar de todos os seus cidadãos, em pleno respeito pelos limites planetários.

“O programa da presidência portuguesa reconhece explicitamente nas suas prioridades uma Europa Resiliente e uma Europa Verde, e espera-se que as outras três – a Europa Social, a Europa Digital e a Europa Global – sejam coerentes e integradas com o Pacto Ecológico Europeu”, lê-se no comunicado emitido, esta terça-feira, pela  confederação europeia das organizações não-governamentais de ambiente (ONGA), European Environmental Bureau – EEB, que representa mais de 160 organizações, e da qual fazem parte as ONGA portuguesas GEOTA, Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Quercus e a Zero.

Tendo esta preocupação como principal prioridade, estas associações fizeram chegar ao Governo e a todos os seus Ministros e ao Presidente da República um memorando para a presidência portuguesa da União Europeia onde incluem “dez testes verdes”.

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1. Impulsionar uma transição justa para uma Europa sustentável e resiliente

As associações ambientalistas signatárias da missiva enviada aos governantes defendem que o Pacto Ecológico Europeu seja o elemento orientador da resposta à crise pandémica, que o compromisso com os objetivos do desenvolvimento sustentável seja respeitado, bem como que a política comercial da UE seja assente em princípios de sustentabilidade.

2. Catalisar a transição verde através do Quadro Financeiro Plurianual (MFF), do Pacote de Recuperação e da Reforma Fiscal

“É urgente uma reforma tributária para orientar a “mão invisível” do mercado no sentido da neutralidade carbónica e garantir que os recursos europeus são investidos em políticas e ações transformadoras”, escrevem as ONGAs.

3. Dar resposta à emergência climática e promover a mobilidade sustentável

Quanto a esta questão, os responsáveis propõe um acordo sobre uma Lei Climática compatível com 1,5 graus Celsius de aquecimento global e “um reforço das diferentes ações políticas e técnicas que podem contribuir para a neutralidade carbónica, abrangendo os sectores da energia, da mobilidade sustentável e da agricultura e adotando uma Estratégia de Adaptação climática que ajude a preparar o futuro da UE”.

4. Inverter a perda dramática da biodiversidade em terra, na água doce e nos oceanos e investir na resiliência dos nossos ecossistemas

As ONGAs portuguesas defendem ser imperativo a implementação da Estratégia de Biodiversidade da UE e colocar a biodiversidade num caminho de recuperação e no centro das decisões europeias.

5. Iniciar uma transição para uma alimentação e uma agricultura sustentáveis.

Quanto à agricultura sustentável, estas associações defendem que esteja alinhada com as estratégias “Do Prado ao Prato” e da Biodiversidade.

6. Promover um objetivo de poluição zero

É pedido ainda que seja promovido  um Plano de Ação Poluição Zero transformador que previna a poluição na origem para a água, o ar e o solo.

7. Limpar a produção industrial

Neste ponto, a EEB frisa ser fundamental desenvolver as conclusões do plano de ação do Conselho Europeu sobre a Economia Circular, e nomeadamente pacotes legislativos importantes como a Regulamentação do Transporte de Resíduos, a Diretiva das Baterias e a Diretiva Emissões, e incentivar um debate proativo no Conselho sobre a iniciativa política de produção sustentável.

8. Apelar a um ambiente livre de tóxicos e uma ambiciosa Estratégia de Produtos Químicos para Sustentabilidade

“É fundamental proteger as pessoas e o meio ambiente de produtos químicos perigosos, através da adoção das Conclusões do Conselho e da implementação da Estratégia de Produtos Químicos para a Sustentabilidade”, acrescentam.

9. Reforçar a responsabilidade e o Estado de Direito

Alterar a proposta de revisão do Regulamento Aarhus para permitir um acesso mais alargado ao Tribunal de Justiça da UE e garantir uma “Melhor Regulamentação” é outros dos dez testes das ONGAs que serve para maximizar o interesse público e permitir maior transparência e responsabilização.

10. Promover a Solidariedade Europeia, o bem-estar e a justiça social e ambiental

As organizações portuguesas pedem por fim que seja promovido o bem-estar e a justiça social em toda a UE, nas medidas de recuperação da crise pandémica e em outras políticas, e reformar com urgência o semestre europeu para integrar o Pacto Ecológico Europeu e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, no sentido da promoção do bem-estar e da resiliência.

 

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