Todos os dias fazemos más escolhas e tomamos más decisões. Nesses processos não consideramos toda a informação disponível nem fazemos análises que conduzem a decisões absolutamente racionais e consistentes no tempo. Somos humanos e imperfeitos e é essa condição que justifica a importância da economia comportamental.

Os avanços deste ramo da economia, influenciados por experiências no campo da psicologia, revelam os múltiplos erros que fazemos nas nossas escolhas. Estes, sendo sistemáticos, podem ser descritos por via de modelos que integram uma melhor compreensão do comportamento humano. Foi esta premissa que inspirou Richard Thaler (Nobel da Economia em 2017) a demonstrar a forma como empresas e decisores públicos podem desenhar intervenções, conhecidas como nudges, que modificam a arquitetura da escolha, alterando de forma previsível o resultado do comportamento das pessoas, sem mudar significativamente os seus incentivos económicos. A crescente popularidade destas soluções deve-se à sua implementação simples e com baixo custo, que garante resultados confiáveis, baseados em experiências customizadas a cada problema. Hoje, a economia comportamental, um ramo já mainstream da economia, influente e disseminado, conta com dezenas de nudge units em governos nacionais e em organizações e instituições internacionais como a Comissão Europeia, a OCDE ou as Nações Unidas.

A presença destas equipas em Portugal é ainda ténue mas a sua influência, ainda que informal, tem vindo a estender-se ao campo das políticas públicas. Um exemplo concreto observa-se por via dos chamados sin taxes, a introdução de impostos que pretendem direcionar o comportamento dos consumidores para hábitos mais saudáveis. No entanto, na melhor das hipóteses, esta decisão de política fiscal apenas se alinha conceptualmente e a posteriori nos insights das ciências comportamentais. Existe um amplo espaço para tornar estas decisões mais eficientes e eficazes, através da utilização explícita de modelos e evidências comportamentais já existentes ou por via de experiências ad hoc iniciais. A introdução de metodologias formais reforça o efetivo reconhecimento dos fatores comportamentais como variáveis integrantes de modelos económicos mais humanos e credíveis, cujo contributo pode ser decisivo tanto para a definição de políticas públicas como para a previsão dos seus efeitos.

Estas abordagens de natureza empírica, que testam e avaliam ideias antes de as escalar, permitem entender o que funciona e, igualmente importante, o que não funciona. No fundo, apoiam decisores, não só no setor público como também nas empresas, a delinear produtos, serviços e políticas centradas num modelo de comportamento humano bem mais realista.