Vários governos europeus têm planos muito ambiciosos para a energia eólica offshore, seja fixa ou marítima.
Até 2030, o objetivo é instalar mais de 29 gigawatts de nova potência offshore na Europa. Para tal acontecer, é preciso definir as regras dos leilões; realizar os concursos; fazer encomendas dos aerogeradores e fundações, sendo necessário que haja capacidade industrial disponível ou que seja desenvolvida localmente; que haja matérias-primas disponíveis para a construção do equipamento; esperar que a rede elétrica de ligação a terra esteja concluída (e que em terra esteja pronta), entre outras equações deste complexo jogo de xadrez que também implica uma grande mobilização de capital.
“Não é irrazoável antecipar que até 2030 Europa vai ter 10 gigawatts de eolica flutuante. A Wind Europe está confiante de que, até 2030, a Europa vai ter, pelo menos, quatro gigawatts de eólica flutuante, mas podemos vir a ter 10 gigawatts”, disse hoje o presidente da Wind Europe, a associação que agrega produtores e a indústria eólica do Velho Continente.
Atualmente, a energia eólica global representa 17% do consumo na Europa, num total de 255 gigawatts, com a éolica offshore a pesar 30 gigawatts, apenas 3% do consumo.
A maioria desta capacidade é fixa ao fundo do mar, com a eólica flutuante a pesar apenas 173 megawatts, segundo os dados revelados por Gilles Dickson na conferência da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) que está a ter lugar hoje em Lisboa.
“A ambição dos governos é gigantesca”, resumiu. Recorde-se que o Governo português pretende instalar 10 gigawatts de energia eólica offshore, maioritariamente flutuante, até 2030. As contas da Wind Europe para toda a Europa lançam algumas dúvidas sobre a concretização do plano português em toda a sua dimensão.
O responsável disse acreditar que ao longo dos próximos anos os custos de instalar uma central eólica offshore vão cair 65%, mas para tal acontecer será necessário serem construídos, pelo menos, sete gigawatts de potência para criar economias de escala no sector.
Um dos problemas da energia eólica offshore é que existem quatro tecnologias diferentes no mercado, com Gilles Dickson a defender que deve haver uma standarização da tecnologia para alavancar este sector.
Em relação à escolha de cimento ou aço para as estruturas flutuantes, elogiou os dois materiais. “Ambos são bons, com performance equivalente”, recordando que os seus custos estão relacionados com a sua disponibilidade e capacidade industrial.
“Será sempre mais barato construir localmente na Europa do que importar”, afirmou, recordando que são necessários aerogeradores, fundações, mas também cabos para agarrar os aerogeradores ao fundo do mar e para escoar a eletricidade para terra.
Recordou que a Comissão Europeia lançou um plano de investimentos para as energias renováveis e que devem ser usados pelos estados-membros, podendo ajudar no Capex e Opex dos promotores.
E defendeu que o leilão previsto para Portugal deve leiloar apenas os CFD (contratos por diferenças) e não os direitos de usar o fundo do mar.
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