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Atletas transgénero. “Precisamos proteger o desporto feminino”, defendem atletas britânicas

Cada atleta só deveria poder competir na categoria do seu sexo biológico ou numa terceira específica para atletas transgénero, defendem duas atletas ouvidas pela BBC. No entanto, não existe consenso sobre esta questão, que tem levantado grande polémica.
BRETT DAVIS/USA TODAY SPORTS
10 Maio 2022, 22h30

É um dos temas mais debatidos no mundo do desporto nos últimos anos. Depois de a nadadora Lia Thomas, mulher transsexual, ter sido medalha de ouro nos campeonatos universitários dos Estados Unidos, na corrida de 400 metros livres, a pertinência do tema tornou-se ainda mais clara.

O debate anda em torno da questão da inclusão, justiça e segurança para as mulheres no desporto, com um dos lados a dizer que não existem vantagens para as mulheres transgénero em competirem com mulheres que já nasceram mulheres, tratando-se apenas de incluir estas pessoas na categoria com a qual se identificam.

O outro lado, diz que há uma vantagem, pelos diferentes níveis de testosterona, que introduzem um handicap favorável às pessoas transsexuais. Algo que pode representar perigo de lesões para as mulheres, pelo que as instituições que organizam as ciclismo, assim como de natação, estão a rever as suas políticas para mulheres transsexuais.

Nos últimos meses, o debate chegou a pessoas que estão fora do mundo do desporto, como é o caso do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que não crê que estas mulheres devam participar nas competições femininas.

Duas atletas do sexo feminino falaram à estação britânica “BCC“, sem que os seus nomes tenham sido revelados. A primeira é atleta olímpica e acredita que “o desporto deve ser mantido em categorias pelo sexo”, sendo esta “única forma para continuar a ser justo.”

“As categorias não existem pela identidade de género”, mas sim “pelas diferenças entre os dois sexos”, argumenta

Para a outra atleta ouvida pela “BBC”, a competição “é relevante se for justa”, sublinha, antes de defender a sua visão para resolver esta questão. “A única forma de o fazer é ter uma categoria masculina aberta, onde as mulheres trans possam competir, sendo um campo equilibrado.”

“Precisamos de proteger o desporto feminino”, remata.

Por outro lado, há cientistas que defendem que a justiça está em incluir estas mulheres transgénero no desporto feminino. A cientista desportiva Joanna Harper, que é ela própria transsexual, disse à BBC que estas mulheres nunca irão “tomar de assalto o as provas femininas.” Garante, aliás que o número de atletas que mudaram de sexo está abaixo do que seria expectável: coloca essa fasquia “entre 0,5 e 1%”, garantindo que todos os anos são muitas menos.

No ano passado, a halterofilista Laurel Hubbard tornou-se na primeira mulher transgénero a participar numa prova olímpica diferente daquela para a qual nasceu. Em março, a ciclista de apenas 21 anos Emily Bridges foi impedida pela União Ciclista Internacional (UCI), que regula a modalidade a nível global, de competir naquela que seria a sua primeira corrida de elite feminina.

Dois episódios que, juntamente com o da nadadora Lia Thomas, vieram levantar o véu sobre um tema que continuar a criar grande controvérsia, não só entre atletas, mas também entre cientistas que investigam a temática.

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