A Birmânia (ou Myanmar desde outubro de 2010, recuperando uma designação usada em 1989) parece fazer parte daqueles (numerosos) países que algures no tempo passaram a viver em regime democrático monitorizado. Costumeiro no sudoeste asiático, na América do Sul e na generalidade de África, o regime de democracia monitorizada caracteriza-se por estar implantado em países com forte tradição de poder militar – que em determinada altura decide retirar-se para os quartéis mas reserva para si a qualidade de observador atento do processo político, que pode sempre resultar numa nova intervenção se se der o caso de os civis começarem a descambar. Este paternalismo – que os civis normalmente dispensariam mas de que dificilmente se livram – impõe aos países uma democracia necessariamente deficiente, assustada e incapaz de propor ao povo uma solução com perenidade.
A história da Birmânia conta-se em duas penadas: em 1937, os ocupantes britânicos destacaram aquele pedaço de território da vastíssima Índia – dividir para reinar foi sempre um dos princípios dos britânicos fora de portas – que de imediato entrou em guerra civil, com os grupos étnicos em presença, shan, karen, kachin e chin, a darem mostras de péssima vizinhança. O país foi ocupado pelos japoneses na II Guerra Mundial, para conseguir a sua libertação em janeiro de 1948. Mas não foi isso que proporcionou qualquer alteração significativa do modo de vida belicoso a que os birmaneses se foram habituando. Um golpe de Estado em 1962 impôs uma ditadura militar e só muito mais tarde, em 1990, foram realizadas eleições para a o Parlamento, ganhas pelo partido oposicionista Liga Nacional pela Democracia – o que de pouco lhe valeu, uma vez que os militares recusaram entregar o poder.
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