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Autárquicas 2021: Aviso à navegação

As eleições autárquicas são momentos de especial importância para os partidos que se querem afirmar no contexto regional, isto porque permite criar implementação local que é a base do sucesso de todos os partidos. Perder estes momentos tem se revelado historicamente decisões trágicas para os partidos. A história mais recente mostra como o PS Madeira conseguiu através das coligações para a Câmara do Funchal praticamente aniquilar eleitoralmente todos os pequenos partidos que faziam parte dessas coligações.
20 Julho 2020, 07h15

Recentemente o filho do Secretário-Geral do PSD-Madeira insurgiu-se contra as coligações pré-eleitorais entre o PSD-Madeira e o CDS-PP Madeira para as eleições autárquicas de 2021 nos diversos concelhos e freguesias da Região. A argumentação é que as eleições regionais e a coligação pós-eleitoral para garantir um Governo Regional estável na Região são coisas distintas das eleições autárquicas. Aqui estamos totalmente de acordo. O que nos distingue é que a sua argumentação baseia-se na ideia de superioridade do PSD Madeira e na atitude de considerar o CDS-PP Madeira dispensável para a ideia de vitória eleitoral que esperam obter e da qual querem assumir os louros em pleno e sozinhos. Por outro lado, eu considero que o CDS-PP Madeira é que não deve aceitar uma coligação pré-eleitoral com o PSD Madeira para as eleições autárquicas de 2021. A minha opinião deriva de vários factos que vou explorar ao longo do meu artigo, mas resume-se facilmente numa ideia: o CDS-PP Madeira é demasiado relevante para o futuro da região para aceitar se tornar, na cabeça dos eleitores, uma espécie de equipa B do PSD Madeira. O CDS-PP Madeira pela sua matriz ideológica, pelas suas gentes, pelas suas ideias e pelo seu programa tem que se assumir como o que realmente é: a equipa A da Madeira! A equipa que garante a esperança no futuro e a crença de que a vida na Madeira pode ser diferente!

As eleições autárquicas são momentos de especial importância para os partidos que se querem afirmar no contexto regional, isto porque permite criar implementação local que é a base do sucesso de todos os partidos. Perder estes momentos tem se revelado historicamente decisões trágicas para os partidos. A história mais recente mostra como o PS Madeira conseguiu através das coligações para a Câmara do Funchal praticamente aniquilar eleitoralmente todos os pequenos partidos que faziam parte dessas coligações. Indo mais atrás na história, a nossa própria história, a história do CDS, deveria pelo menos fazer-nos pensar no caminho que queremos seguir. Em 1985 o CDS no Porto Moniz teve 20,55%, na mesma eleição o PS teve 6%. Na autárquicas de 1989 o CDS teve 25,45% e o PS não concorreu nesse concelho. Seguiram-se as eleições de 1993 onde o CDS não concorreu, 1997 onde voltou a não concorrer e 2001 em que o CDS concorreu coligado com o PS. Quando voltamos a concorrer, com listas próprias, em 2005, o nosso score eleitoral passou a ser 1,62%. Acredito que devemos aprender com as nossas decisões do passado e garantir que não perdemos noutros concelhos a nossa implementação, as nossas ideias e a nossa identidade própria como acabou acontecendo no Porto Moniz.

Nas eleições autárquicas é também importante analisar a realidade concelho a concelho, visto que são sempre realidades muito diferentes. Quando as realidades são diferentes, as decisões e as opções devem também ser diferentes e de acordo com cada uma dessas realidades. Nos partidos, ninguém melhor do que os seus militantes e apoiantes locais conhece a realidade de cada concelho e por isso devem ser eles a ter um papel preponderante na escolha da estratégia. Assim sendo, acredito que a estratégia a seguir pelo partido deveria ser referendada localmente, em cada concelho, dando voz a quem dá a voz todos os dias pelo partido, responsabilizando cada um de nós militantes pela estratégia e assim garantir o empenho de todos para passo a passo tornarmos o CDS na verdadeira equipa A da Madeira que referi anteriormente.

Sei e acredito que muitos preferirão uma coligação pré-eleitoral. Que estarão totalmente contra a minha opinião. A coligação é uma estratégia mais confortável, menos arriscada e mais segura. Talvez até garanta mais autarcas eleitos nestas eleições, mas se pensarmos no futuro, se pensarmos no partido que queremos ser, se pensarmos no impacto que queremos ter no futuro da nossa Região e da população, se pensarmos em qual é realmente a nossa cultura, a marca CDS que os nossos autarcas tão bem têm representado mandato após mandato, acredito que não podemos aceitar o caminho mais fácil. Não podemos deixar-nos levar pelo facilitismo. Precisamos pensar mais longe e precisamos ambicionar mais, porque ninguém pode substituir o nosso papel no futuro da sociedade Madeirense! O CDS não faltou à chamada quando foi preciso para garantir governabilidade e estabilidade para a Região e que tão importante foi principalmente em tempos de crise de saúde pública, económica e social como vivemos. Acredito que o CDS também não deve faltar à chamada quando os Madeirenses dos diferentes concelhos esperam e acreditam em nós como uma verdadeira alternativa de futuro.

O autor deste texto escreve segundo a antiga ortografia da Língua Portuguesa.

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