A maior fábrica automóvel de Portugal vai regressar à produção na próxima segunda-feira, 27 de abril, mas ainda a meio gás. Durante as próximas duas semanas, a fábrica portuguesa da Volkswagen que emprega 5.600 trabalhadores vai ter menos turnos com menos horas.
A Autoeuropa vai arrancar apenas com dois turnos de produção quase um mês e meio depois da fábrica de Palmela, distrito de Setúbal, ter suspendido a sua produção devido à pandemia da Covid-19 em Portugal.
“A empresa vai arrancar no dia 27 de abril, os primeiros dias são com turnos reduzidos e depois vai aumentando gradualmente”, disse o coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa ao Jornal Económico.
Fausto Dionísio explica que nas próximas duas semanas a fábrica vai estar a operar somente com dois turnos, de manhã e à tarde, mas que vão operar no máximo seis horas cada, e não oito horas como habitualmente.
Desta forma, cerca de 2.300 trabalhadores da maior exportadora nacional regressam ao trabalho na próxima semana. Na semana seguinte, estes trabalhadores regressam a casa, para serem substituídos por outros 2.300 trabalhadores.
Só a partir de 11 de maio é que a Autoeuropa passa a operar três turnos diários de oito horas, cinco dias por semana, num total de 15 turnos por semana.
A fábrica só volta a laborar a um ritmo pré-Covid-19 a partir de junho, quando regressam os turnos de fim de semana à unidade de Palmela: dois ao sábado e dois ao domingo.
Em relação à medidas de precaução em relação ao coronavírus, Fausto Dionísio disse que a “empresa já falou com as chefias para explicarem aos trabalhadores todas as normas de segurança” e também sobre “como é que se vão processar os transportes” da empresa. Esta informação “ainda vai ser comunicada individualmente a todos os trabalhadores”, afirmou.
Os trabalhadores da Autoeuropa encontram-se atualmente em regime de lay0ff em casa, a receberem o seu ordenado integralmente. A partir da próxima semana, quem continuar em casa, mantém-se neste regime, segundo o coordenador da CT.
Além das preocupações com a Covid-19, o regresso gradual à produção também acontece num momento
em que as vendas automóveis estão em baixa devido à paragem económica de muitos países provocada pelas medidas de quarentena. Nos países da União Europeia em março, as vendas de automóveis afundaram 55% face a período homólogo, enquanto em Portugal desceram 56% no mesmo período.
Ao mesmo tempo, também as outras fábricas europeias da Volkswagen estiveram fechadas, assim como as de produção de componentes. Outra incógnita que persiste é saber quando é que as fronteiras terrestres entre países da União Europeia são reabertas, pois o transporte rodoviário é essencial para a importação de componentes importantes para a produção da fábrica de Palmela.
Enquanto a fábrica suspendeu a sua produção, 10 a 15 trabalhadores da empresa estão a produzir 100 viseiras de proteção por dia, com o objetivo de as doar a hospitais em todo o país. Esta foi a forma encontrada pela Autoeuropa e os seus trabalhadores para contribuírem para a luta contra a epidemia do coronavírus em Portugal.
A ideia partiu de alguns trabalhadores que produzem estas viseiras recorrendo à impressão 3D. As primeiras máscaras foram doadas “aos hospitais de Setúbal e do Barreiro, mas neste momento estão a ir para todo o país”, disse Fausto Dionísio ao JE a 31 de março.
Inicialmente, a Autoeuropa anunciou a 16 de março que iria somente reduzir a produção diária, mas a 17 de março anunciou que a produção iria parar até 29 de março. Mais tarde, a data foi novamente adiada até 12 de abril e agora para dia 27 de março.
A Autoeuropa fechou o ano de 2019 com um novo recorde de produção. A maior fábrica automóvel em Portugal produziu um total de 256.878 unidades. Este valor representa aumento de 16,3% face a 2018, ano em que foi atingido outro recorde ao serem produzidos 223 mil unidades na fábrica portuguesa da Volkswagen, mais 106% face a 2017.
https://jornaleconomico.pt/noticias/autoeuropa-esta-a-produzir-viseiras-para-doar-a-hospitais-568719
https://jornaleconomico.pt/noticias/producao-da-autoeuropa-disparou-mais-de-200-desde-a-chegada-do-t-roc-535338
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