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Easypay: a fintech que não se quer tornar num banco

Numa só plataforma digital, a easypay concentra os meios de pagamento mais utilizados em Portugal. Uma vantagem numa altura em que se fala no abandono progressivo dos pagamentos em numerário.
6 Janeiro 2019, 12h00

“Não queremos ser, nem queremos parecer um banco, pois aquilo que nos distingue, são estas três palavras: simplicidade, flexibilidade e conectividade”. Assim respondeu Sebastião de Lancastre, co-fundador e CEO da fintech easypay, quando questionado sobre se queria transformar a sua empresa num banco digital. “Aquilo que nos diferencia de um banco é a proximidade com o cliente”.

“Um banco, pela sua estrutura, pelo risco que suporta e pela mentalidade que vive, terá mais dificuldade em implementar este posicionamento”, frisou.

Fundada em 2007, numa altura em que os bancos dominavam por completo os meios de pagamento, a easypay nasceu com a regulamentação da União Europeia que alargou o mercado a novas instituições de pagamentos, como as fintech.

“A easypay posiciona-se como um parceiro que acelera os pagamentos e a entrada de clientes ao disponibilizar os meios de pagamento mais usados numa só plataforma de simples integração com qualquer sistema aberto”, disse Sebastião de Lancastre, que vão desde os cartões Visa e Mastercard ao multibanco e à MB Way, passando por débitos diretos e transferências instantâneas.

Atualmente, a easypay  processa mais de 400 mil pagamentos por mês, tem mais 6.500 clientes e fechou o ano de 2018 “com um volume de pagamentos de 177 milhões de euros”, disse o CEO. “Isto significa que a easypay cresceu 40%” em relação a 2017.

“Teremos certamente banca no futuro e não será como a que conhecemos hoje”, disse Sebastião de Lancastre, sobre o futuro do sistema financeiro, do qual as fintech farão parte – em dezembro, a Revolut, que começou como um cartão de débito digital, obteve uma licença bancária na Europa.

As fintech têm uma espécie de ‘toque de Midas digital’, digitalizando tudo aquilo em que tocam. Os pagamentos em numerário não escapam a este fenómeno. Com a generalização dos pagamentos digitais, as consequências serão transversais à sociedade. “Teremos certamente banca no futuro e não será como a que conhecemos hoje”, disse Sebastião de Lancastre. “O dinheiro físico deixará de existir, essencialmente porque a digitalização do dinheiro permite acelerar as transações e aumentar os níveis de segurança contra a fraude”, assegurou o CEO da easypay. “Aliás, os dados mais recentes do Banco Central Europeu indicam que existe uma correlação entre a utilização de dinheiro digital e a economia paralela, em que os países com maior utilização de transações (…) eletrónicas são aqueles que têm menor economia paralela”, revelou.

Para o CEO da easypay, é a relação com o cliente que separa uma fintech de um banco tradicional. “A lógica por detrás dos bancos é a criação de produtos e serviços que servem os seus interesses e depois convencer os clientes de que esse é também o seu interesse”, disse. Ora, “a lógica por detrás de uma fintech é a inversa: ouvir o interesse do cliente, e transformá-lo num interesse da empresa, ao criar um produto ou serviço que corresponda”.

De resto, Sebastião de Lancastre acredita que as fintech têm uma vantagem face aos bancos tradicionais, devido “à tecnologia que implementam”. Para ilustrar a ideia, o CEO da easypay recorreu a um exemplo simples:“quantos bancos são capazes de dizer [a alguém] quanto dinheiro é que já [recebeu] de um determinado IBAN?”.

É caso para se dizer que ser fintech é, só por si, um traço diferenciador de um agente do sistema financeiro.

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